quarta-feira, 4 de julho de 2012

Aspectos de pesquisas ictiológicas piauienses


Foi publicado recentemente pela Editora da Universidade Federal do Piauí - EdUFPI - o livro "Aspectos de pesquisas ictiológicas piauienses". Essa obra teve como objetivo o de compilar num só documento vários trabalhos a cerca dos peixes da nossa região. Os artigos que compõem cada capítulo contemplam aspectos como biodiversidade, piscicultura e morfologia. Esse trabalho teve o envolvimento de diversos pesquisadores, que com suas contribuições, fornecem o atual estado da arte da ictiologia feita em solo piauiense.
O link para baixar o arquivo em formato .zip segue abaixo. É necessário ter o programa WinRar para abrir e ter acesso aos dois PDF's que compõem o livro.

https://rapidshare.com/files/2589179315/livroparadivulgao.zip


Boa leitura a todos!

sábado, 30 de junho de 2012

Ao homem da rede verde




Ser humano também é ser bicho, é perder a razão.
Ao mais racional dos homens eu diria que tudo isso é lixo,
Lixo que se recicla, que passa de mão em mão...
Lixo que modifica, até mesmo o mais duro e frio dos corações.

O mar que vislumbro agora passa muito longe dela.
Mais ainda do gosto ainda mais viciante, estridente, sussurrante...
Parece não querer sentir nem mesmo o vento na vela.
Parece desistir das águas, do poema, do marasmo e escorrega...

Ao homem da rede verde eu digo que vá!:
Ao mundo dos sonhos subjetivos com sua mochila nas costas.
Aos desertos que teimam em queimar tua pele sã.
À fonte de toda sua racional insanidade.

Balance ao som e sabor dos punhos nesse céu alvo...
Toque músicas que te façam viver de verdade:
Leve consigo na boroca todo o peso da culpa e da idade,
Só não fuja pra canto algum, pois tu nunca estarás a salvo...

Ao homem da rede verde: sugiro que tu faças tudo
Mesmo aquilo o qual nem sabes tratar, ou o que é;
Tudo que te faça graça, sem perder a desgraça nem tão pouco a fé.
Tudo que lhe for irracional: sem paradas, nem manhas e marchas. Só ande a pé.

domingo, 13 de maio de 2012

Comida é pasto


"Bebida é água", já diz uma das frases mais ontológicas da música popular brasileira. Música, que aliás, tem sido instrumento de segregação social na cidade de Floriano, Piauí. Música, aqui, virou uma espécie de "artigo de luxo", algo tão caro, mas tão caro, que chega a ser "outro tipo de música". Uma outra arte, onde os consumidores, abastados, nem se dão ao luxo de consumi-la, degustando-a como fino vinho.
Outro dia resolvi assistir um show de música, de um artista que ha muito queria ver e que ainda não tinha tido o prazer de faze-lo. Coloquei tênis (até estranharam), calça jeans e uma camiseta da hora. Fiz como manda o figurino pra consumir esse produto à minha maneira e assim saciar meu desejo intrépido de ouvir música boa. Era um final de semana típico em Floriano, mas algo saiu inteiramente do meu entendimento.
Para assistir o referido show, o interessado teria que pagar o módico preço de R$ 70,00 por uma mesa. Até ai tudo bem, todo produto tem seu preço. Foi ai que lancei mão de uma pergunta, que parece ser boba, mas que faz bastante sentido se fizermos uma análise de como a cultura musical é consumida em Floriano.
Ao chegar no local, dirigi-me à um dos atendentes e investiguei a maneira de entrar pra ver o show. De súbito, a informação acima foi confirmada. Foi ai que indaguei se eu conseguiria ocupar quatro lugares reservados numa mesa (não com essas palavras, é lógico). Em seguira, e prontamente, me negaram o direito de pagar ingresso individual (que não existia para o evento). O desfecho dessa história? Acabei num dos melhores lugares no espaço do show, sem pagar ingresso (ou mesa!) à convite de outra pessoa.
O fato é que se não fosse por uma mera coincidência, eu estaria naquele momento sendo expulso de um evento público (mas que parecia privado) por questionar de maneira consciente o modo como o produto artístico estava sendo comercializado no local. A oportunidade foi uma boa deixa para discutirmos como as políticas públicas voltadas para a cultura (e outras áreas) são tratadas na cidade. E uma conclusão que se chegou foi mais que óbvia: falta competência para gerir tais políticas. Não basta gostar, curtir, se não souber fazer. De nada adianta, pois as pessoas daqui que vivem de música, por exemplo, estão no limite financeiro, com suas famílias em situação de risco e em muitos casos, passando extrema necessidade.
Por isso, quero deixar aqui o meu repúdio aos gestores municipais. Pois os músicos locais são a nossa identidade e em muitos casos, precisam definitivamente deixar nossa terra para dar o pão de todo dia aos seus. E os que aqui ainda sucumbem, já começam a desvalorizar a sua arte, por questões óbvias: todos têm que se virar de alguma forma. A política do "pão-e-circo" continua a pairar sobre as cabeças dos florianenses, que estão sedentos de políticas que inibam, por exemplo, a absurda poluição sonora no Cais do Porto: uma das únicas áreas de lazer da cidade.
Não se tem, por exemplo, um amplo debate sobre como as artes devem ser consumidas em Floriano. E isso é uma necessidade urgente, pois não só os artistas, mas as pessoas envolvidas direta ou indiretamente (donos de bares, restaurantes e afins) também ganhariam com uma regulamentação que refletisse a cara da cidade. De uma maneira geral, todos ganhariam: mais opções seriam criadas, preços seriam acordados, artistas (principalmente locais) seriam valorizados e os eventos teriam calendário próprio. Na minha opinião, isso tudo falta por culpa dos gestores, que têm o dever de fazer com que isso aconteça.
Viver de água para beber e pasto pra se alimentar não cabe no meu vocabulário cultural. Eu continuo querendo o caos que fervilha na cabeças dos artistas da terra. Quero que nossa juventude seja independente, fazendo escolhas coerentes com seus valores e não um bando de jegues encabrestados debaixo do açoite político que levam todo dia. Quero uma sociedade atuante.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Taxonomia, período reprodutivo e dieta dos peixes de Bocaina, Piauí (3).

Foi realizada nos dias 05 e 06 de maio a quarta das seis coletas agendadas para o projeto. Um fato marcante ocorreu fazendo com que a quantidade de espécies (e exemplares) fosse menor: deu Lua! A noite estava bastante iluminada por ela. Parecia dia, e olhando pro espelho d'água do lago da barragem de Bocaina, encontrei inclusive uma licença poética para abrandar as coisas cálidas que passam pelo coração e mente. Pena que não registrei em foto esse momento, fiquei tão fascinado com a iluminação que prontamente me passou despercebido. Infelizmente, não vou poder compartilhar com vocês esse momento, mas creio que todos podem imaginar o quanto estava em êxtase nesse exato momento.
Quanto aos peixes, muito provavelmente, eles não saíram pra caçar essa noite. Num ambiente mais escuro, eles saem pra se alimentar e ninguém é de ninguém. Prevalece a lei do mais forte nessa hora. Com o ambiente iluminado, poucos se arriscam a sair e a maioria prefere ficar escondido, à espreita, esperando um melhor momento para se alimentar. Caso contrário, podem virar comida para os outros.
Apesar de visualmente identificarmos a presença das sardinhas, bastante abundantes, nenhuma delas caiu nas redes dessa vez. Creio que por causa da iluminação noturna. Entretanto, pouco mais de 5 espécies foram capturadas, representadas por pouquíssimos exemplares.
Finalmente conseguimos coletar mais exemplares de Moenkausia cf. intermedia (piaba-branca, piaba-corintiana) (foto abaixo). Seus exemplares serão enviados ao setor de ictiologia do Museu de Zoologia da USP, onde serão analisadas pelos ictiólogos de lá. Talvez, estejamos ampliando a área de distribuição dessa espécie ou quem sabe, divulgando mais uma espécie nova para a ciência.


É isso. Nada de anormal ou tão significativo ocorreu durante mais essa fase do trabalho. Espero contar agora com a astúcia da equipe de pesquisadores para discutirmos os aspectos mais relevantes para em conjunto divulgarmos os resultados. Creio que estamos no caminho certo.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Taxonomia, período reprodutivo e dieta dos peixes de Bocaina, Piauí (2).



Tudo certo para a 4ª das seis coletas (e não cinco, como noticiei na última postagem sobre o assunto) na barragem de Bocaina, Piauí. Conversando com populares e trabalhadores do projeto de piscicultura implantado no local, descobri que a ideia da construção da represa partiu mediante uma suposta necessidade de água para irrigação nas propriedades da região. Necessidade frustrada, pois não se tem notícia sobre grandes projetos que usam essa técnica para produção agrícola por essas bandas.
De fato, o aproveitamento atual do lago se dá através da piscicultura. O negócio parece ser bastante atrativo para os produtores e tem gerado emprego e renda para diversas pessoas. Muitas delas se especializaram, por exemplo, em filetar tilápia, embora não veja muito esse produto (filé) no comércio local. A venda do pescado, quase que integralmente, é de peixe in natura, recém despescado. O interessado vem à colônia, pede, e um funcionário vai imediatamente buscar a quantidade desejada pelo cliente.
Bom, mas voltando ao assunto original dessa postagem, posso dizer que estamos bastante satisfeitos com os resultados pré-liminares do trabalho, salvo a falta de bibliografia para um dos aspectos que serão investigados. Por isso, quero aqui expor uma certa indignação com alguns companheiros cientistas do Piauí. Creio que ajudando um ao outro, todos têm a ganhar. Mas infelizmente, não é assim que pensam algumas pessoas, as quais solicitamos ajuda nesse sentido. Arrisco dizer que esse é um dos motivos do atual estado da arte na pesquisa científica do Estado: medíocre.
No entanto, cientista que se preza sempre tem um plano B, uma carta na manga. Caso não aja publicações, não será por isso que deixarão de ser efetivadas. O que vale mesmo são os resultados surpreendentes que temos observado, coleta após coleta, nesse bioma que é considerado pobre de espécies. Também vale ressaltar as interessantes observações que temos feito, principalmente no que diz respeito à abundância de algumas espécies.
Na postagem anterior, frisei que a sardinha (Triportheus signatus) era uma forte candidata a figurar publicamente a sua dieta e alimentação. Creio hoje que isso é fato, pois sua abundância chega a ser, para mim, assustadora. Muito terá o que se discutir em relação a isso, pois lá a sua biologia parece ter achado um recanto em toda sua área de distribuição. Ressalto aqui, sem nenhum receio, que a perturbação do ambiente provocou essa situação, principalmente pelo lançamento de insumos da piscicultura e limpeza do pescado no mesmo local da sua produção.
Interessante também é notar a ausência dos bagres lisos (Siluriformes). Talvez porque as técnicas de coleta não sejam eficientes para sua captura. Esses peixes geralmente habitam o fundo dos lagos e rios se alimentando de muitos itens que lá chegam. Entretanto, populares afirmam que a profundidade em alguns pontos chegam a 80 metros. Somente um exemplar, da Família Achenipteridae (popularmente conhecido como cumbá - ver foto abaixo) foi capturado até a terceira coleta. Entretanto, duas espécies de caris (Familia Loricariidae) foram coletados e são relativamente abundantes.
Um fato que muito me preocupa é o período de coleta. Seria um semestre de coleta, o que não contempla um ciclo hidrológico completo. Embora estejamos fazendo o trabalho no período que deveria estar chovendo, temo que esse curto período de amostragem nos impeça de fazer discussões mais elaboradas. Talvez, uma saída seria ampliar as coletas - realizando pelo menos mais duas no segundo semestre desse ano. Enfim, alguma saída deve ser urgentemente pensada para a resolução desse problema, contemplando os objetivos iniciais do plano.
Outro fato preocupante é a saúde da água na barragem. Penso que algumas estratégias devem ser pensadas para evitar que a água se torne um caldo de ração vísceras e escamas (se bem que a sardinha e outros pequenos peixes parecem estar dando conta dessa carga de alimentos em excesso...). Bom, o fato é que isso deve ser investigado para que, quem sabe, saídas alternativas possam ser implementadas, aproveitando ainda mais o potencial do local. Esse é o nosso desejo e estamos trabalhando para isso.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Aos pega-pinto do quintal



O pega-pinto me pegou de jeito
Parecia um daqueles tantos amores...
Agarrou-se em meus pêlos, faceiro
Caminha, viaja comigo até pelos ares.

Verde clorofila, semeia em minha terra fértil
Levada pelos pêlos – um cosmopolita nativo;
E pelas plumas, que pairam em alívio.
Contradiz o tempo, a ordem e até o que vivo.

Secam no quintal maternal sob as árvores
E esperam pacientemente, assim como eu...
Lutam, racham e sofrem como Orfeu,
Renascem feito fênix rasgando fogo pelo céu.

Vivo paciente, paciente internato.
Troco fichas, ordem, assim como as estações
e o pega-pinto: tenho tudo, por pouco tempo.
Tenho nada: nem mesmo meu coração.

domingo, 15 de abril de 2012

Aos quentes




Ah aquele tempo cálido...
Que falta me faz aquelas formas curvas!
Secadas, pelos mais predadores olhares;
Blindada, pelo seu contra-olhar ainda mais poderoso.

Não devia, mas ela me faz uma falta...
Seu olhar astuto, seu silvo meigo...
Seu sorriso frio, sua mente altiva.
Tua força bruta de fraqueza lapidada.

Controvérsia é seu sobrenome,
Soberana por natureza, amável, doce...
Tece entre os cabelos de índias, caboclas,
Tranças ávidas de desejo, de volúpia.

Seguia aflita por um bocado.
Por um daqueles desejos malfadados...
Se avexe não... Amanhã pode acontecer tudo.
Inclusive nada.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Taxonomia, período reprodutivo e dieta dos peixes de Bocaina, Piauí.


Nesse final de semana passado (04,05/02) aconteceu a primeira das cinco coletas que deverão ocorrer no lago formado pela barragem na cidade de Bocaina, Piauí (distante aproximadamente 30 Km de Picos). Essas coletas estão previstas num projeto de pesquisa encabeçado por uma equipe da Uespi - campus Picos e visa investigar alguns aspectos dessa fauna. Na ocasião, mais de uma dezena de espécies foram coletadas, utilizando redes de espera (malhas 4, 6, 8 e 12 cm entre nós opostos) e tarrafas (1 e 2 cm entre nós opostos).

Espécies de três Ordens foram coletadas: Siluriformes (popularmente chamados de bagres, peixes liso ou de couro; coletadas principalmente exemplares da família Loricariidae), Characiformes (peixes de escamas) e Perciformes (ciclídeos). O plano que tem autorização do ICMBio nº 31715, prevê a coleta de cerca de 20 espécies da ictiofauna da região, que tem o bioma Caatinga como predominante.
Os exemplares das espécies coletadas foram fixadas em campo e levadas para o laboratório da Uespi-Picos, classificadas e identificadas para os trabalhos de taxonomia, período reprodutivo e dieta. Esses dois últimos aspectos, serão analisados em espécies com maior abundância na área de coleta. A mais abundante nessa primeira coleta foi a sardinha (Triportheus signatus, imagem à esquerda), sendo forte candidata ao estudo mais aprofundado do plano.

Entretanto, nenhuma espécie de peixes lisos (Siluriformes) foi coletada nessa primeira etapa. Esperava-se coletar pelo menos alguns pequenos bagres como o mandi (Pimelodus blochii) e bico-de-pato (Sorubim lima). Mesmo assim, algumas boas surpresas ocorreram, como por exemplo a coleta de um loricarídeo com ovas na região ventral (e exterior do corpo), evidenciando o cuidado parental que a mesma tem em relação à sua prole (imagem à direita e acima).

Outra coisa que chamou atenção foi a qualidade da água. Devido à criação de tilápias em tanques-rede, notou-se uma eutrofização considerável no ambiente, principalmente nos braços do lago onde a atividade é desenvolvida. Assim sendo, diversas linhas de investigação necessitam ser levantadas para que se possa demostrar detalhadamente a saúde desse corpo d'água.

Espera-se coletar a quantidade de espécies previstas, visto que cerca de 80% já foram coletadas usando essa metodologia passiva/ativa. Vale ressaltar que os custos desse trabalho estão sendo bancados pela equipe de trabalho.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Peixes do Parnaíba (4)



Hemisorubim platyrhynchos (Valenciennes in Cuvier & Valenciennes, 1840)

Nome popular: mandubé

Mais uma espécie da Ordem Siluriformes, popularmente conhecidos como peixes lisos, de couro, ou bagres. Das cinco espécies do gênero conhecidas, H. platyrhynchos é a única que ocorre na bacia do Parnaíba e que têm ampla distribuição no Brasil. As demais ocorrem na Amazônia e na bacia do Paraná-Paraguai.

Alcança grande porte, cerca de 50 cm de comprimento e se configura como uma das mais apreciadas pelos ribeirinhos. Uma característica marcante em H. platyrhynchos, que a diferencia das demais espécies da Família Pimelodidae, é o arranjo de sua mandíbula e maxila: aquela é um pouco maior que esta, conferindo à ela uma posição da abertura bucal ligeiramente voltada para cima.

Essencialmente carnívora, alimenta-se de outros peixes e invertebrados. Segundo populares, essa espécie é abundante principalmente no período chuvoso, onde é pescada pelos ribeirinhos com isca de peixe, minhoca ou muçum. Muito apreciada, é considerada descarregada (i.e., livre de restrições alimentares).

Crédito da imagem: Chico Mário - barra do riacho Corrente, Floriano, Piauí.

Referências:

Buckup, P.A.; Menezes, N.A.; Ghazzi, M.S. 2007. Catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil. MNRJ, Rio de Janeiro, RJ.
Ferreira, E.J.G; Zuanon, J.A.S.; Santos, G.M. 1998. Peixes comerciais do médio Amazonas, região de Santarém, Pará. Ibama, Brasília, DF.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Aos carnaubais


No meu rincão a vida é plena e linda:
A chuva a seca, o litoral o sertão...
As árvores, os pés de flamboyant...
As minhas origens, que nunca renegam seu chão.

Lindas mesmo são as carnaúbas
Postes finos, altos, copa viçosa...
Tem a vista mais doce que o mel de tiúba:
Mais viçante que ave fogosa.

Lá vem a cheia! Corre pro alto...
Só da pra ver os postes viçosos!
Palhas verdes, cerídeo alvo...

Já foi se embora! Vamo voltá!
E da lama que fica, recomeça-se a vida...
Aduba a alma, fonte primeira de minha origem.

Peixes do Parnaíba (3)



Pseudoplatystoma cf. fasciatum (Linnaeus, 1766)

Nome popular: surubim

Possui distribuição geográfica nas bacias dos rios Amazonas, Paraná, Paraguai, Uruguai e provavelmente São Francisco e Parnaíba. Essa dúvida concerne com a ocorrência de uma espécie congênere, P. corruscans que apresenta a conformação das manchas negras no flanco um pouco diferente, com manchas mais arredondadas.

A dúvida recai sobre a identidade dos exemplares do rio Parnaíba por causa da numerosa quantidade de barras negras sobre o flanco, ao passo que seus congêneres possuem poucas delas. No entanto, eles em nada diferem de P. fasciatum quanto à morfologia do corpo, principalmente do crânio. Esta espécie se diferencia do outro congênere (P. tigrinum) por não apresentar um estreitamento na região mediana do crânio e por apresentar as barras negras do flanco mais estreitas, intercaladas com riscos brancos (pouco observados nos exemplares do Parnaíba).

As espécies de Pseudoplatystoma são piscívoras, e na Amazônia P. fasciatum apresenta tendência a consumir uma maior quantidade de peixes com escamas. Na bacia do Parnaíba, esta espécie se configura como uma das espécies de bagres mais importantes na pesca comercial. Por isso, um minuncioso trabalho sobre os diversos aspectos dessa população deve ser iniciado em caráter de urgência.

A reprodução acontece somente uma vez por ano, no período de enchente. Geralmente as espécies de bagres migram rio acima para desovar em regiões de cabeceira ou em lagoas marginais que são formadas nesse período.

Na região de Floriano-PI, essa espécie é bastante apreciada na culinária e tem alto valor de venda agregado. Geralmente ele é preparado ao molho de leite de côco, uma espécie de moqueca regional.

Crédito das imagens: Chico Mário

Referências:

Buckup, P.A.; Menezes, N.A.; Ghazzi, M.S. 2007. Catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil. MNRJ, Rio de Janeiro, RJ.

Ferreira, E.J.G; Zuanon, J.A.S.; Santos, G.M. 1998. Peixes comerciais do médio Amazonas, região de Santarém, Pará. Ibama, Brasília, DF.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Peixes do Parnaíba (2)


Pimelodus blochii Valenciennes in Cuvier & Valenciennes, 1840

Nome popular: mandi
Espécie de pequeno porte, com cerca de 20 cm de comprimento; muito comum e abundante, esta espécie ocorre também na bacia Amazônica, sendo bastante apreciada pelos pescadores e população em geral.
Como características diagnósticas, destaca-se especialmente a nadadeira adiposa, mais alta e de contorno anguloso, o que a diferencia de Pimelodus altipinnis. Possui espinhos peitorais e dorsais muito fortes, que podem causar ferimentos graves em pessoas que não o manuseiam com o devido cuidado.
Espécie onívora e alimenta-se de invetebrados, frutos, pequenos peixes e musculos de animais mais complexos. Assim como na Amazônia, esse peixe se reproduz no período da enchente, que ocorre no Parnaíba uma vez por ano.
Segundo Feitosa & Lima (no prelo), esta espécie é bastante apreciada pelos ribeirinhos do rio Parnaíba, sendo consumida principalmente em espécies de caldeiradas (peixe ao molho), geralmente feitas com peixes sem escamas, que lá são chamados de "peixes de couro).

Referências:

Buckup, P.A.; Menezes, N.A.; Ghazzi, M.S. 2007.  Catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil. MNRJ, Rio de Janeiro, RJ.

Ferreira, E.J.G; Zuanon, J.A.S.; Santos, G.M. 1998. Peixes comerciais do médio Amazonas, região de Santarém, Pará. Ibama, Brasília, DF.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Peixes do Parnaíba


Nome científico: Triportheus signatus (Garman, 1890)

Nome vulgar: sardinha

Espécie da Ordem Characiformes, com abundancia relativamente alta na bacia do rio Parnaíba. Possui médio porte, alcançando cerca de 25 cm de comprimento. Bastante apreciada na culinária local, servido geralmente frito no óleo de soja ou de babaçu, porém algumas pessoas evitam se alimentar desse peixe por considerá-lo "carregado". Segundo populares, a sardinha pode agravar algumas infermidades após seu consumo (Feitosa & Lima, no prelo).

O exemplar acima foi coletado em área de pedral na localidade Regata em Floriano, Piauí. Baseado em observações naturais, Triportheus signatus é uma espécie bastante ativa, nadando em áreas onde a correnteza é mais forte no rio. Certamente esse biótopo é muito importante para a sardinha, pois deve garantir o suprimento alimentar que é carreado pela correnteza. Para coletar esse exemplar, foi utilizado anzol, linha e vara e a isca foi uma massa feita de mistura de farinha de milho e goma de tapioca, conhecida pelos ribeirinhos e pescadores como "grude".

Regata, rio Parnaíba em Floriano, Piauí.

Crédito das imagens: Chico Mário

Referência:
Buckup et al., 2007. Catálogo das espécies de peixe de água doce do Brasil. MNRJ, Rio de Janeiro.

Peixe fora d'água


Ah meu fígado... Tadinho... deve tá suplicando por umas férias (não se preocupe meu nobre órgão, você terá!). Férias merecidas, não pelo álcool que você degrada constantemente, mas por outras crueldades que tu vens sofrendo diariamente. Sei que tu não és o órgão que degrada biscatisses e marmotagens dos meus pares, mais sei que tu és quem agüenta tanta chafurdagem da grossa deles...
Pior que ressaca de álcool, de uma noite bem bebida, deve ser a ressaca moral e incontrolável após dois minutos de degradante humilhação pelos quais algumas pessoas se submetem. Isso: se submetem. E em Floriano a escrotisse chega ao ápice em situações onde o carnaval é a tônica da batida.
Em muitas situações, cheguei a pensar que nasci na época errada, no lugar errado, enfim, que me sentia um peixe fora d’água. Mais hoje não. Entendo que as coisas acontecem quando têm que acontecer. Chega de dizer que as pessoas estão erradas, que minha cidade tem a pior qualidade de vida... Chega de dizer que o jardim do vizinho tem a grama mais verde que o meu.
As pessoas têm o que merece. Parece maluquice, que construo frases desconexas (pode até ser...) que as coisas são como não deveriam ser. Que sejam. Estou pouco me lixando pra isso e outras coisas mais. Mas, pior que o BBB, que tantos reality shows, é ver a degradante, porém cultural forma como o carnaval é tratado no Piauí. Cultura que, aliás, é uma mera cópia do que provavelmente acontece na Bahia. Ridículo.
E foi por isso que deixei ha precisamente 11 anos, de “brincar” essa festa “popular” por aqui como a grande maioria das pessoas que conheço faz. O carnaval aqui deixou de ser um culto à alegria, ao humor e bom senso, pra ser mais uma festa da corrupção, da política do pão e circo que impera no país.
O título de “melhor carnaval do Piauí” foi entoado aos quatro ventos, ainda nos anos noventa. Entretanto ainda me pergunto: o que é mesmo esse melhor? É ver garotas rebolando pra disputar título de miss “furacão”, “caravela”, “me acha” e outras bizarrices que inventaram pra alienar ainda mais esse povo que não tem educação? É ver o prefeito roubar descaradamente fortunas pra bancar a sua festa particular de carnaval?
Nem tudo é ruim, concordo. Mas o pior de tudo isso é que muitas pessoas aceitam absolutamente tudo isso de cabeça baixa, feito jumento no açoite. Engolem sopa de brita grossa e ainda lambem os beiços. Ontem, Floriano me deu mais algumas provas de que devo me afastar daqui, pelo menos por um bom tempo. O ruim atrai o ruim. E eu, sempre pretendi ser uma pessoa melhor, a cada dia. Pretendo continuar assim, aberto às novas coisas simples, cultivando a boa conversa, a boa música e aprendendo com meus pares.
Ontem, Floriano me deu mais uma prova da futilidade do seu povo. Apesar de ser nativo, me sinto um forasteiro que não entende a língua falada por essas bandas. Sinto-me roubado por não ter meus direitos básicos respeitados. Ontem, Floriano me mostrou mais uma vez que vive somente de política do pão e circo e de carnaval. Que pena.
Posso ser só mais um grosso, arrogante e prepotente, que fala o que quer na internet. No entanto, tenho o agradável costume de ouvir as pessoas. Nisso, a minha mãe soube me educar. E modéstia parte, muito bem.