quarta-feira, 28 de outubro de 2009

É fogo!




Há tempos que a cidade de Manaus vem sofrendo com as intempéries do clima. Ontem foi mais um dia de calor intenso, um dia de inferno. Já deveria ter iniciado pra valer a estação chuvosa, com mais pancadas típicas da região neotropical, mais chuvas que por aqui é algo comum. É (ou era!?) tão comum que os compromissos são marcados pra antes ou depois da chuva.



O que ocorre é uma especulação falaciosa a respeito do fenômeno de cheia que aconteceu esse ano: a cheia foi uma das maiores da história, superando marcas da década de 50. Por isso, talvez, ocorreria uma grande seca, o que compensaria tal pico observado nesse ano. Não sei, vamos esperar pra ver. Mas creio que não, pois houve uma grande seca já nesse século e a enorme dimensão da região não se desestabilizaria tão fácil assim, ela tem sua dinâmica totalmente particular e imprevisível até certo ponto. Vamos ver.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Barragens no rio Parnaíba


"Nunca dizer superior ou inferior"
Foi o que Charles Darwin escreveu em seu caderno de notas, em referência aos seres vivos após visita às Ilhas de Galápagos. Muita gente se acha superior em relação a própria espécie humana. Coitados.
A vida dos rios brasileiros não está nada fácil atualmente. Na ânsia de ter mais e mais energia elétrica disponível, o governo brasileiro tem tido uma posição bastante dura e arbitrária a meu modo de ver, pois vários aspectos, inerentes a cada sistema hídrico, estão sendo deixados de lado pelo simples fato de só se gerar energia, e nada mais.Digo simples fato porque a energia elétrica pode ser obtida de diversas formas além da originada da barragem de rios, - a chamada fonte hídrica. Existe ainda a solar, eólica (originada pelos ventos), térmica, nuclear, enfim cada uma que se adéqua perfeitamente a cada realidade regional.

Nas regiões Nordeste e Norte do Brasil, por exemplo, a forte irradiação solar poderia muito bem ser aproveitada para esse fim, já que na maior parte do ano o céu fica completamente azul, sem nenhuma nuvem. No mínimo, poderia ser uma fonte secundária de produção de energia, desafogando assim o sistema hídrico já implantado em nosso país. A linha do equador é sem dúvida a região do planeta que mais recebe energia em forma de raios solares, mas perde para outras na conversão da mesma em energia elétrica.
Como biólogo que estuda peixes, as pessoas poderiam argumentar que a minha desculpa por não entender a construção de barragens é mais do que bem explicada. Mas o fato é que são inúmeros os exemplos que demonstram a inviabilidade desse sistema, não somente para a ictiofauna. Um exemplo clássico é a da maior usina do mundo – Itaipu Binacional, instalada no rio Paraná, na divisa entre Brasil e Paraguai. Lá, os refúgios naturais dos peixes foram completamente comprometidos e como conseqüência, várias espécies estão se extinguindo por serem predadas logo após subirem as escadas, não completando seu trajeto para desova.

O que acontece lá pode sim acontecer no rio Parnaíba. Como já havia frisado em postagens anteriores, o tucunaré (Cichla sp.) que foi introduzido em suas águas é um perfeito predador de topo de cadeia, do tipo oportunista. Mesmo que uma escada seja feita para que os bichos subam e continuem sua trajetória reprodutiva (o que desde já acho muito difícil), lá estará o tucunaré para comê-los, assim que eles conseguirem alcançar o lago, pois estarão exaustos por conta dessa nova e gigantesca barreira.

Parece história de pescador, mas depois que Boa Esperança foi construída nunca mais se ouviu falar de um grande bagre do gênero Brachyplatystoma nativo da bacia, na região de Floriano. Eu mesmo, depois que me entendi por gente nunca vi tal bicho ao vivo, nem sequer morto. Não se tem muitas informações sobre ele, mas o que consta é que seu registro nunca mais foi feito, nem pelos mais antigos pescadores ribeirinhos que afirmavam ser um animal que ultrapassava os 40 kg. De fato, um bicho com todo esse tamanho precisa sim de uma área muito grande, que infelizmente foi barrado pelo paredão de Boa Esperança. Por isso, necessitam-se ainda de muitas investigações já que seus parentes-irmãos amazônicos usam sempre a calha principal e se deslocam da foz à nascente dos grandes rios para se alimentar e reproduzir.

Um exemplo que vale a pena lembrar e tem sido bastante discutido atualmente é o caso do rio Madeira. Esse rio é rota principal de migração de grandes bagres, principalmente a dourada (Brachyplatystoma flavicans) que passa dos 40 kg e percorre mais de 6.000 km da foz do rio Amazonas aos Andes, se alimentando para desovar, perpetuando a espécie. Ainda não se sabe o estrago que será causado pelo empreendimento hidrelétrico que será construído, mas as perspectivas para essa espécie já são desde já muito assustadoras.

Outro aspecto importante que também deve ser lembrado é o regime hídrico da região do rio Parnaíba que será alterado. Assim como em Boa Esperança, grandes espelhos d’água serão formados, afetando diretamente a formação das chuvas, que já são irregulares em virtude dessa região estar inserida numa área de ecótono (área de transição entre ecossistemas). Na formação dos reservatórios também, grandes quantidades de árvores e matéria orgânica serão submersas, e a decomposição custará muito caro aos seres vivos (e não somente peixes) que dependem de oxigênio dissolvido no meio aquático.

Segundo Esteves (1998) o processo de decomposição da matéria orgânica, nessa situação, aumenta o processo de Eutrofização (excesso de nutrientes lançado de forma artificial), com alteração no pH da água além do surgimento de gases tóxicos, como o sulfídrico. Além disso, vários efeitos negativos podem ocorrer, transformando um ambiente natural num outro totalmente antropizado. Vejamos alguns importantes além dos já destacados:

· Possibilidade de deslizamento e tremores de terra, em virtude do peso da água;
· Elevação do lençol freático com efeitos diretos na agricultura, além de alagamento de áreas já destinadas a esse fim;
· Aumento de forma explosiva de macrófitas aquáticas como Eichhornia crassipes, Salvinia spp. e Pistia stratiotes (os famosos “aguapés”);
· Proliferação de mosquitos transmissores de doenças.


Além dos efeitos negativos de ordem biológica, vários outros de ordem social também sempre acompanham o processo de construção de uma barragem hidrelétrica. Imaginem: se Floriano passa por inúmeros problemas com uma população que não passa dos 65 mil habitantes, o que dirá o governo municipal se mais pessoas chegarem para o empreendimento? Elas precisarão de hospitais, mais escolas, enfim, serviços básicos que nossa região não está preparada para suportar. Eis o fim: será o caos.

Então, partindo dessas premissas eu pergunto: vale a pena construir tais empreendimentos, se o peso da balança não se equilibra?

Não se equilibra porque todos os estudos que foram feitos para mim não tem validade alguma. A começar pela empresa que fez, contratada pelo governo federal que tem toda intenção política de tocar essa obra. Depois, pelos resultados mostrados em alguns seminários num hotel de Floriano que eu mesmo participei ao lado do então Secretário de Meio Ambiente, Sr. Ricardo Monteiro.

No estudo que durou poucas semanas, foram deixados de lado vários aspectos ecológicos da ictiofauna, como reprodução, refúgio e alimentação da grande maioria das espécies, ou seja, eles simplesmente passaram por cima e “maquiaram” o relatório que ficaram de apresentar nas audiências públicas. Se eu bem conheço o modo de ser do brasileiro, se fizeram isso, imagine quando começarem as obras. Será a mesma coisa que ocorreu em Boa Esperança: até hoje esperam por uma eclusa e uma escada de peixes (que como já provei, nunca funcionaria).

Um estudo de levantamento de fauna para um empreendimento hidrelétrico deve ser muito bem conduzido e demora meses a fio, pois além da ictiofauna, o restante da fauna (répteis, anfíbios, insetos e mamíferos) também precisa ser investigada, além da flora local. Por se tratar de um ecótono com influência direta da Amazônia, certamente nossa região tem inúmeras espécies não descritas nem sequer conhecidas pela ciência. Sem falar dos lugares históricos como a localidade Manga, que foi berço de origem de nossa gente, que pode ser completamente inundada. Assim inúmeros valores se perderão debaixo d’água por pura insensibilidade de quem nunca veio aqui e nem conhece nosso povo.


Literatura citada:

Esteves, F.A. 1998. Fundamentos de Limnologia. 2. Ed. Editora Interciência, Rio de Janeiro, RJ.

Eu, mais um cidadão fora da lei.

"Eu não sou besta pra tirar onda de herói..." por isso não uso arma branca nem de fogo...

Hoje eu me senti um bandido. Sim, um criminoso comum daqueles que todos os dias passam na TV exibindo sua fuça e desafiando a sociedade com os mais diversos crimes que sempre ocorrem em nosso país.

Ta certo que o sistema de transporte urbano tem lá suas limitações em todo o Brasil, não somente aqui em Manaus, mas o que acontece aqui deixa muita gente de cabelo em pé, abismado com tanta ignorância e desrespeito aos usuários. Não, não estou falando de ficarmos com a mochila fora do ônibus quando ele já se encontra em movimento e com a porta fechada. Nem tão pouco do preço abusivo praticado por aqui. Estou falando de roubo.

Roubo sim, pois tirar um direito garantido pela constituição sem o mínimo pudor é sim uma espécie de roubo. Tiraram-me o direito de ir e vir, inerente a todo cidadão, pois além de ter que ficar enjaulado para evitar assaltos a mão armada que se tornaram constantes, se eu quiser sair tenho que pagar passagem integral mesmo tendo o direito de pagar meia.

O que faz uma pessoa (cidadão) ser reconhecido como tal? Como alguém consegue provar que ele é ele mesmo? Juro que sempre pensei (e acreditei) que com uma simples carteira de identidade (RG, CNH e afins) pudéssemos resolver o problema, mas não, fui pego de surpresa pelo não óbvio.

Depois de tanta burocracia para ter direito a uma bendita carteira estudantil que me garantiria meia passagem no transporte público (melhor dizendo, caótico) eu simplesmente nunca consegui provar que eu sou eu mesmo, como naquelas velhas e antiquadas histórias, que alguém vai preso por não conseguir provar inocência. O fato é que ao tentar recarregar os créditos da carteira a atendente me pediu uma identidade, e por um sobrenome a mais da minha mãe, a mesma se recusou a efetuar a transação.

Será que minha CNH não tem o poder de provar que eu sou eu? Perguntei-me ao receber a informação que não poderia pôr os créditos e assim usufruir o direito que me cabe: o de ir e vir. Sabe me senti um verdadeiro bandido!

Outro fato é que por traz disso tudo tem o dedo dos empresários. A desculpa é a de que tal sistema evita corrupção no sistema, pois muitas pessoas se utilizavam de carteiras de outros para circular nos ônibus, mas, no entanto eu indago: o sistema garante que todas as pessoas possam usufruir seu direito, levando em consideração a diversidade das pessoas? Creio que não, pois sempre vou ter que andar com uma identidade que possui o nome de solteiro de minha mãe, não a que me convém. Os empresários é que estão mais que satisfeitos com essa “ajudinha” do governo, pois forçam cidadãos a pagar dobrado pelo seu direito. Isso não é corrupção? Não, é mais que isso, é roubo.


Sou um cidadão, “cowboy” fora da lei. Eu não vou ser besta pra tirar onda de herói, estou me vacinando e me corrompendo a cada dia. Por isso, “ô ô seu moço do disco voador, me leve com você aonde você for [...] enquanto eu sei que tem tanta estrela por ai”.


quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Como compreender um biólogo...


Uma pequena homenagem à nós biólogos... depois de passar o dia inteiro no computador trabalhando com área de estudo [risos], ainda há tempo pra comemorar, pois somos a profissão do século.
E viva os Biólogos!

Tenha paciência ao caminhar com ele na rua. É provável que ele faça paradas freqüentes... Sempre há uma formiga carregando uma folha gigantesca nas costas ou uma samambaia disposta de uma forma estranha num buraco do muro. Ele acha isso incrível!!! Toda vez que vocês entrarem em qualquer assunto que envolva a área dele, ele se empolgará. Finja que presta atenção no que ele diz. Finja que está entendendo também. Entenda que o conceito de beleza de seu amigo biólogo é um tantinho diferente do seu...


Sapos verdes, gosmentos e verruguentos são lindos. Escorpiões, aranhas, opiliões (hein??), são todos lindos. Simplesmente ignore quando o encontrar de quatro, agachado sobre o musgo... e faça o possível para que ele não te veja, pois uma vez que isso acontecer ele começará o discurso em biologuês: "São briófitas! São as plantas mais primitivas! Você acredita que elas não têm nem vasos condutores? E elas ainda dependem da água para a fecundação e..." É provável que ele prefira ir para o congresso de Mastozoologia ao invés daquela viagem romântica.


Você quer ajudá-lo? Mostre que há outras coisas no mundo, por exemplo... Convide-o para ir a um museu de arte. Ou a um grupo de discussão sobre literatura. Ele terá tendência a chamar pinheiros de gimnospermas. E a pinha (de onde vem o pinhão) de estróbilo. Não, ele não é um maníaco suicida se decidir entrar numa jaula para mergulhar com tubarões-brancos. Mas também não deve estar em seu juízo perfeito. É melhor você assistir filmes como "A Era do Gelo e Procurando Nemo" com amigos que não sejam biólogos. Caso contrário, você ouvirá, durante o filme: "ah, mas baleias não têm essa conexão entre a boca e o nariz, o Marlin e a Dori nunca poderiam ter saído pelo nariz dela!" E quem se importa?
(Autor desconhecido)

sábado, 29 de agosto de 2009

E várias perguntas pairam no ar...


Ilustração de como nos sentimos diante de tanta injustiça


Há tempo, muito tempo se fala que existem vários “Brasis” dentro do Brasil. Do ponto de vista da diversidade cultural e étnica que é inerente ao nosso país tal conceito tem tido uma enorme importância, devido ao respeito e igualdade com o qual todo cidadão brasileiro pode e deve ser tratado por seus pares.


Mas será mesmo que existe igualdade entre os brasileiros e entre estes e o resto do mundo? Parece ser uma pergunta boba, ou ridícula até, mas justiça e igualdade de direitos não parecem ser o forte da nossa nação - como assim exclamam os respectivos poderes que tratam do assunto. Tomando posse de parte de um verso de Zé Geraldo “Eu já não sei o que mata mais, se o trânsito, a fome ou a guerra” eu me arrisco dizer que a indiferença faz tudo isso acontecer e toda forma de violência se traduz, ao fim em nosso país, em injustiça aos menos favorecidos.

Não deveria nem posso entrar no mérito da questão do que é justiça de fato; se existe igualdade de direito para o povo e o porquê de tanta gente passando necessidade em nosso país. Entretanto a busca por ser um ser humano melhor me fez perder algumas horas de descanso para refletir um pouco sobre tal situação, não que essa seja uma prerrogativa brasileira.

Como pode alguém pagar pra registrar a miséria alheia? Foi o que me perguntei ao ver um gringo fotografar em sua pomposa máquina digital o casebre flutuante no qual eu fazia coleta de bagres (Pisces, Siluriformes) para uma pesquisa do instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa no lago Catalão, Amazonas. Alguém pode até refutar minha indagação afirmando que o contrário disso não mudaria em nada a vida daquelas pessoas ou de milhares delas na Amazônia e no Brasil e por isso, eu lançaria mão de outra pergunta: O turismo em nosso país é um negócio sustentável a ponto de ao menos melhorar a qualidade de vida do seu povo?

Digo isso por que o Brasil é considerado em todo mundo como um pólo mundial no setor do turismo. É aqui que se encontram as mais belas e diversificadas paisagens naturais, fauna e flora atraindo milhões de pessoas de todo o globo. E o mais legal da história: essas pessoas não vêm de graça.

Assim como a indústria do turismo, até o setor primário (que é mais explorado no Brasil) para mim não é sustentável. É algo mentiroso e medíocre que os politiqueiros lançam mão de falar com garbo e elegância, para que sua falácia e retórica sejam engolidas a seco pelo povo que há tanto espera deles: que a democracia seja algo concreto e palpável.Eu seria uma pessoa ridícula se perguntasse por onde anda esse dinheiro todo e o que ele está financiando. Sinceramente falando, parece que a época do Brasil Colônia ainda não acabou e pelo visto, vários imperadores não querem de jeito maneira alforriar nosso povo. Como disse Eça de Queiroz, “Os políticos e as fraudas devem ser mudadas freqüentemente e pela mesma razão”.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

MINISTRO SE POSICIONA EM DEFESA DO ENCONTRO DAS ÁGUAS




O Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, assim que chegou ao Campus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), na tarde de quinta-feira (16) às 14h, foi abordado pelo coordenador do NCPAM, professor Ademir Ramos, entregando em mãos o manifesto do IV Mutirão Em defesa da Amazônia, protestando contra a construção do Porto das Lajes nas mediações do Encontro das Águas, na zona leste de Manaus. Minc veio a Manaus participar da Reunião Anual da SBPC para expor sobre a “Biodiversidade e a Sustentabilidade”.

A Conferência do Ministro do Meio Ambiente se deu no Auditório Solimões do Instituto de Ciências Humanas e Letras da UFAM com “casa cheia”. Assim que terminou sua exposição, o Ministro passou a responder as perguntas formuladas pelos participantes das SBPC.

Minc foi perguntado sobre de que forma o IBAMA poderia somar com o Movimento S.O.S. Encontro Águas para proteger o esse patrimônio contra a perversão de se construir um Porto nessas mediações. O ministro foi incisivo em sua resposta, fazendo referência ao manifesto que lhe foi entregue e afirmando categoricamente que “vai apurar os fatos e a qualquer momento o IBAMA pode participar desse processo, envolvendo a Agência Nacional das Águas (ANA) para avaliar o curso das ações”. O Ministrou finalizou chamando atenção de se definir o Plano de Bacia Hidrográfica fundamentado numa “visão integrada contrariando as visões eventuais e pontuais”.

O Ministro se comprometeu em dar uma resposta assim que se inteirar melhor do processo. Entre os participantes encontravam-se no auditório da SBPC os comunitários da Colônia Antonio Aleixo, que durante a coletiva de imprensa se manifestaram com faixas e cartazes. Para o líder comunitário Isaque Dantas “esse momento foi oportuno para se mais visibilidade a nossa luta em defesa de um patrimônio que local e mundial, contrariando a gana do capital que pretende privatizar por meio da construção do Porto das Lajes”.

Fonte: ncpam.com

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Semente de Tudo




Eu sou o atalho de todas as grandes estradas
por onde passei
Das vilas pequenas cidades por onde andei
Herança de casos passados, migalhas do pão consumido
Eu sou a metade de tudo que você tem sido

Nas ruas num sol de dezembro
eu sou o farol e a contra mão
Da flor que carregas no peito
Simples botão...
Sou parte maior desse germe
que prolifera e contamina
Querendo construir morada em você menina
Doce menina, doce menina...

Eu sou uma parte do pó
Que compõe a estrada de terra,
Você é água cristalina lá no pé da serra
Retalhos de noites vividas
num albergue, pensão ou motel
mostrando caminho seguro
Um jeito de céu

Eu sou uma parte da noite
que entra no dia no alvorecer
Você é a semente de tudo
Eu vivo a partir de você

***


Semente de tudo - Zé Geraldo

terça-feira, 7 de julho de 2009

Uma carroça bem pesada




Fiquei muito surpreso ao saber por um amigo, a notícia que o Prefeito de Manaus, Sr. Amazonino Mendes proibiu o uso de carteirinhas estudantis - Passa-Fácil - sem que as mesmas estejam cadastradas num referido sitio da internet. Nesse Brasil que tem vários “Brasis”, quero entender como essa brilhante idéia percorreu o Sistema Nervoso Central de V.Ex.a o digníssimo prefeito.


O que ocorre é que no mundo de hoje, a informação é algo muito dinâmico. Mas ela é passível de falhas ao longo do seu trajeto, inevitavelmente... É só fazer aquela tão conhecida brincadeira do telefone-sem-fio... Ora, como pode num mundo dito “globalizado” pessoas não terem acesso à informação?

Simples: da mesma maneira que nossos governos tratam de questões como a do transporte público. Com desleixo. Todo santo dia em que saio da minha residência, vejo um dos ônibus (posso chamá-los de ônibus???) quebrado, precisando de reparo por falta de manutenção. Num belo dia (e fatídico), fui vítima desse descalabro... Lá vou eu e uma galera sair do ônibus lotado pra entrar num outro mais lotado ainda, rumo ao centro da cidade...

Sou novo aqui na cidade, eu entendo... Mas, o que mais me chama atenção é que numa cidade como Manaus, com mais de 2 milhões de habitantes eu só veja veículos de uma só empresa. Algo assim, só vi mesmo em grandes e famosos monopólios que o Brasil e o mundo já conheceram, que dificultaram a concorrência e consequentemente a queda dos preços que eram praticados. Queria eu ser mais inocente pra não suspeitar o que acontece atrás da coxia.

E os estudantes, como ficam? Ah, podem ficar à pé... Sem problema, eles sabem mais que ninguém brigar e reivindicar seus direitos, isso é fato, e histórico. O que seria de nós brasileiros se não fossem os estudantes? Sim eles brigam, vão presos e até são assassinados às vezes, por esse estado que não é nação. Pobres estudantes. Difícil saber em quem confiar nessa hora tão árdua. Mas eles não morreram, e dispostos estão a mudar tudo o que lhes forem ruim, e que de ruim lhe fizerem. Só basta fazer.

Segundo alguns sociólogos, essa proibição do uso da carteira Passa-Fácil pode causar alguns efeitos colaterais. Das duas uma: ou bagunça tudo de vez e o povo engole calado, pianinho, pra dar o troco depois (o que é péssimo pra democracia) ou esse resultado pode ser sentido em ônibus vazios, seguido de muita reclamação por parte dos estudantes que não conseguirão chegar em tempo hábil em sala de aula.

E isso é bom pra educação Sr. Prefeito? Que incentivos o governo tem dado para questões como essa, que permeiam tudo quanto diz respeito à presente e futura governabilidade? Sim, pois um povo com baixa escolaridade é um povo violento, um povo que não tem cuidado com sua própria saúde assim como demais coisas que se refletem em maiores gastos, estes que poderiam ser evitados caso um bom planejamento tivesse sido efetuado. No final das contas, os cofres públicos arcam com toda a despesa, que fora financiada por uma aplicação errada no passado no setor educacional (ou não aplicação... espero eu estar enganado!). É o seu, o meu dinheiro que está indo pelo ralo.

Proponho ainda, como biólogo de profissão e paixão, que se retirem todas essas “Caieiras” ambulantes que aqui se chamam de ônibus. Pode até ser que o carbono emitido pelas descargas desses veículos sejam seqüestrados pela floresta amazônica (coisa que duvido muito), mas o ar dessa cidade é insuportável, principalmente nos principais corredores e avenidas. Quero ver em tão pouco tempo, essa cidade, incravada no meio da floresta ser modelo para a humanidade - como tem sido tão amplamente divulgado pela assessoria de imprensa dos governos locais – em virtude de alguns jogos da Fifa’s Word Cup Soccer. Sim, voltemos às carroças... elas sim são boas para o povo...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

IV Multirão em Defesa da Amazônia



Por NCPAM*


Neste final de semana em Manaus, na sexta (10) e no sábado (11) participe desta manifestação. Reúna seus amigos de fé e venha demonstrar o seu amor pela Amazônia, conhecendo as tramas tecidas contra a soberania popular. Não fique calado venha e manifeste sua indignação contra a privatização do Encontro das Águas, contra o recurso público que vai se gastar escudado na realização da Copa do Mundo no Amazonas, contra a poluição química do Lago do Aleixo, contra a poluição dos igarapés de Manaus, contra os tubarões do transporte coletivo que perseguem os estudantes que lutam pela meia passagem, contra os políticos bandidos que negociam seus mandatos contrariando os interesses populares, contra o abandono dos ribeirinhos no interior do Estado, contra a legalização do latifúndio na nossa Amazônia, contra as políticas públicas de péssima qualidade, contra a corrupção e imoralidade reinante no congresso nacional, contra o corporativismo no legislativo e judiciário em favor do nepotismo e dos mensalões dos parlamentares, contra a depredação da floresta e de seus recursos naturais. Não seja indiferente, participe discutindo e formulando propostas para combater os governantes corruptos, os políticos bandidos, empresários aventureiros e cidadãos viciados. Se for verdade que a religião é o bálsamo para os homens a política deve ser então a religião cívica fundada na fé pública capaz de remover montanhas e converter os homens em sociedade a se submeterem ao império do Direito e da Justiça Social na perspectiva de valorização e respeito à coisa pública, que nada mais é do que a promoção da Justiça Distributiva sob mandamento político do desenvolvimento humano.



Local - Centro Social Frei Müller


Colônia Antonio Aleixo – Zona Leste de Manaus, capital do Estado do Amazonas.


Informações: 3212-9047 / 3212-904581585753 / 8197-0102


Teremos um ônibus saindo ao lado do T5 ( na Bola do São José)


Programação:


Dia 10 - Sexta-feira


18h às 21h - Acampamento

Noite Cultural

Tribuna Popular

Dia 11 - Sábado

07h - Café (para os acampados)

08h - Acolhida

08h15 – Mística

08h30 - 1º TEMA: Água como um bem comum,direito de todos

Palestrante -Dr. Fernando Dantas UEA

9:30h -Intervalo

9:h45 - 2º TEMA: Adutora e Abastecimento deágua Zona Norte e Leste

Palestrante - Francy Jr., Assistente

Social Isaqui Dantas, Dep. Praciano

12h - Almoço

13h30 - 3º TEMA: Porto das Lajes

Impactos Sociais e Ambientais

Palestrante – Antropologia - AdemirRamos - UFAM, Dra Elisa Vieira Wandelli-Embrapa e Pe.


Guillermo Cardona - CDHArquidiocese de Manaus.

15h - Intervalo

15h20 - Plenária dos Eixos

16h - Encaminhamentos

17h - MISSA AMAZÔNICA Torre da Embratel -

Participação Grupo Imbaúba

Realização: Pastorais Sociais da Arquidiocese de Manaus, Comitê de Direitos Humanos da Arquidiocese de Manaus, Conselho Gestor Socioambiental da Colônia Antônio Aleixo e Bela Vista, SOS Encontro das Águas.

Lançamento do Programa: O arcebispo de Manaus, Dom Luis Soares Vieira junto com os agentes pastorais, lideranças sociais, políticos, ambientalistas, estudantes, sindicalistas e o movimento SOS Encontro das Águas, nesta quinta-feira (09) às 9h, na Catedral Metropolitana de Manaus, estará concedendo entrevista coletiva aos meios de comunicação de massa quanto a importância do evento frente às formas de pressão que avançam contra a nossa Amazônia
* Nucleo de Cultura Política do Amazonas

domingo, 5 de julho de 2009

Obras do PAC na Amazônia



Recebi esse email do meu amigo de trajetória amazônica Ney Araújo. Ele é Cientista Social, Pesquisador do NCPAM, membro do NAVI, formado pela UFAM em Manaus. Obras como essa estão por todo país com a desculpa de gerar energia "limpa" a todo custo, inclusive na Bacia do rio Parnaíba, onde estão previstas 5 usinas hidrelétricas até 2016, que literalmente, acabarão com as caracteristicas fluviais inatas do sistema, juntamente com seus sistemas de várzeas que garantem a reprodução de inúmeras espécies ainda não conhecidas e investigadas pela ciência.





Justiça Federal paralisa licenciamento de Belo Monte


Ordem para suspender o processo atende pedido do Ministério Público Federal em Altamira.

A Justiça Federal em Altamira aceitou parcialmente os argumentos doMinistério Público Federal e mandou suspender, ontem (03/07/09), a aceitação dosEstudos de Impacto Ambiental da hidrelétrica de Belo Monte.


O Ibama havia aceitado os Estudos no último dia 25 de maio, mesmo comseus próprios técnicos apontando falhas no trabalho. Com a decisão, olicenciamento fica paralisado até que o Ibama explique a situação.


O principal argumento do MPF ao solicitar a paralisação é a falta deparcela dos documentos exigidos, dentre os quais parte fundamental dosestudos antropológicos do impacto sobre os indígenas.


As empreiteiras Camargo Corrêa, Norberto Odebrecht e AndradeGutierrez, responsáveis pelos Estudos, não apresentaram todos oslevantamentos antropológicos necessários. Para o MPF, sem isso, olicenciamento não pode prosseguir.


Falta completar o estudo justamente da questão que mais suscitoudebates e polêmicas na sociedade nos últimos 30 anos, desde que sefalou pela primeira vez em barramento do rio Xingu. “É inadmissívelque o Ibama aceite os Estudos com uma lacuna dessa gravidade”, explicao procurador da República Rodrigo Timóteo, de Altamira, responsávelpela ação judicial.


A falta dos estudos antropológicos foi apontada pelos próprios técnicos do Ibama, em pareceres anteriores à aceitação do Estudo, que parecem ter sido ignorados pela direção do Instituto.
Os técnicos notaram outras deficiências graves e solicitaram, por exemplo, que fosse refeito o Relatório de Impacto Ambiental – parte do Estudo em que se apresentam de forma simplificada as conclusões, para compreensão da população.


O MPF também apontou outras irregularidades na forma como vem sendoconduzido o licenciamento. Aceitar os estudos com essas falhas demonstram o açodamento do órgão licenciador, diz Rodrigo Timóteo.


O processo é de responsabilidade do juiz Antonio Carlos de Almeida Campelo e tramita com o número 2009.39.03.000326-2

MPF/PA acusa funcionário do Ibama de irregularidade no licenciamentoda Usina de Belo Monte
Licenciador de Belo Monte é processado pelo MPF – O Ministério PúblicoFederal (MPF) entrou na Justiça com uma ação por improbidade administrativa contra o coordenador de energia elétrica substituto doInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Adriano Rafael Arrepia de Queiroz. Na ação, ajuizada nesta terça-feira, 23 de junho, Queiroz é acusado de ter validado estudos ambientais do projeto da hidrelétrica de Belo Monteque, segundo técnicos do próprio Ibama, ainda estavam incompletos.

Caso condenado, o coordenador poderá perder a função pública, ter seus direitos políticos suspensos por cinco anos e terá que pagar multa equivalente a cem vezes o valor da remuneração que recebe. Também poderá ficar proibido de contratar com o poder público e de receber créditos ou benefícios fiscais por três anos.
A Eletrobrás e três das maiores empreiteiras do país (Camargo Corrêa, Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez), empreendedoras do projeto Belo Monte, encaminharam os Estudos de Impactos Ambientais (EIA) e o Relatório de Impactos Ambientais (Rima) ao Ibama em 30 de março. Em 28 de abril, técnicos do instituto deram um parecer alertando para a falta de uma série de informações nos estudos. Entre os documentos faltantes estão os estudos dos impactos sobre a população indígena.

Em 4 de maio foi a vez do Rima ser criticado. “O Rima não atende a seu objetivo principal, qual seja, de informar e fornecer à população e aos agentes interessados um entendimento claro das consequências ambientais do projeto. Portanto, recomendamos que, para a disponibilização à população e apresentação em audiência pública, este seja revisto, considerando-se os pontos aqui elencados, e atendendo aos diplomas legais e ao termo de referência emitido pelo Ibama”, registraram os técnicos. E em mais um parecer, de 20 de maio, eles voltaram a afirmar a necessidade de revisão do Rima.

Apesar das advertências, no mesmo dia 20 de maio Adriano Queiroz declarou os documentos como aceitos pelo Ibama, requisito essencial para a concessão da licença ambiental para o empreendimento. No despacho de aprovação (aceite) dos estudos, Queiroz “libera” a Eletrobrás da apresentação dos estudos de impactos sobre a população indígena e sobre grutas e cavernas e ainda considera desnecessários os estudos sobre a qualidade da água.

“Não faz qualquer sentido a permissão para que se apresente documentos faltantes no momento do aceite, para fase posterior, onde o tempo fica mais escasso para o debate, o que frauda a efetiva participação popular no debate”, criticam os procuradores da República Felício Pontes Jr. e Rodrigo Timóteo da Costa e Silva. “O que parece ressaltar é a tentativa de se antecipar a data do aceite do EIA/Rima, a designação de audiências públicas e, por fim, o licenciamento, dentro do cronograma apresentado pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), sem considerar a legislação nacional e o respeito aos povos residentes na Bacia do Rio Xingu”, complementam.

MPF quer que Ibama reconsidere as deficiências do estudo de impacto ambiental da BR-319
A 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (Meio Ambiente e Patrimônio Cultural) recomendou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que considere as deficiências do estudo de impacto ambiental (EIA), demonstradas durante a audiência pública sobre a BR-319, realizada no mês passado, e no parecer produzido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), para responder de forma fundamentada todos os questionamentos ao EIA.

A recomendação também pede que se abstenha de proferir decisão sobre a viabilidade ambiental do empreendimento e expedir qualquer licença ambiental até sejam cumpridas todas as condicionantes estabelecidas no relatório final do grupo de trabalho instituído pelo Ministério do Meio Ambiente. E que determine a complementação do EIA para que seja incluído, na análise, estudo sobre os povos indígenas que vivem naárea de influência do empreendimento.

O Ibama tem o prazo de dez dias para remeter informações sobre ocumprimento das condicionantes do relatório do grupo de trabalho sobrea BR-319, especificando o nível de implementação de cada uma das medidas, o cronograma atualizado, com previsão da data de implementação das metas e as responsabilidades de cada órgão envolvido.

sexta-feira, 3 de julho de 2009



Eu te amo porque te amo.

Não precisas ser amante,

E nem sempre sabes sê-lo.

Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça

E com amor não se paga.


Amor é dado de graça

É semeado no vento,

Na cachoeira, no eclipse.

Amor foge a dicionários

E a regulamentos vários.


Eu te amo porque não amo

Bastante ou demais a mim.

Porque amor não se troca,

Não se conjuga nem se ama.

Porque amor é amor a nada,

Feliz e forte em si mesmo.


Amor é primo da morte,

E da morte vencedor,

Por mais que o matem (e matam)

A cada instante de amor.



Carlos Drumond de Andrade

sábado, 13 de junho de 2009

Movimento Rastafari e o Reggae

Rastaman com Dreadlocks


Para mim, a diversidade cultural é algo que transcende nossa capacidade de visualização do mundo real, entrando num outro, o das ideias. Sim, todos nós um dia já ouvimos falar dessa tal "diversidade", que geralmente é entendida como algo de diferente entre as pessoas, como a linguagem e a dança, por exemplo. É hoje, também, motivo de guerras e discórdia entre os homens de pouca fé em si mesmos. O Reggae, é portanto, um portal que nos coloca no mundo real simultaneamente no das ideias.





O Rastafári ou Rastafar-I (/rastafarai) é um movimento religioso que proclama Hailê Selassiê I, imperador da Etiópia, como a representação terrena de Jah (Deus) e este termo advém de uma forma contraída de Jeová encontrada no salmo 68:4 na versão da Bíblia do Rei James, que faz parte da Trindade sagrada o messias prometido. O termo rastafári tem sua origem em Ras ("príncipe" ou "cabeça") Tafari ("da paz") Makonnen, o nome de Hailê Selassiê antes de sua coroação.


O movimento surgiu portanto, na Jamaica entre a classe trabalhadora e camponeses negros em meados dos anos 30, iniciado por uma interpretação da profecia bíblica em parte baseada pelo status de Selassiê como o único monarca africano de um país totalmente independente e seus títulos de Rei dos Reis, Senhor dos Senhores e Leão Conquistador da Tribo de Judah, que foram dados pela Igreja Ortodoxa Etíope.


Alguns historiadores, afirmam que o movimento surgiu, e teve posteriormente adesão, por conta da exploração que sofria o povo jamaicano, o que favorece o surgimento de idéias religiosas e líderes messiânicos.


Outros fatores inerentes ao seu crescimento incluem o uso sacramentado da maconha ou "erva", aspirações políticas e afrocentristas, incluindo ensinamentos do publicista e organizador jamaicano Marcus Garvey (também freqüentemente considerado um profeta), o qual ajudou a inspirar a imagem de um novo mundo com sua visão política e cultural.


O movimento rastafári se espalhou muito pelo mundo, principalmente por causa da imigração e do interesse gerado pelo ritmo do reggae; mais notavelmente pelo cantor e compositor de reggae jamaicano Robert Nesta Marley, ou Bob Marley.


Também o encorajamento de Marcus Garvey aos negros terem orgulho de si mesmos e de sua herança africana inspiraram Rastas a abraçar todas as coisas africanas. Eles eram ensinados que haviam sofrido lavagem cerebral para negar todas as coisas negras e da África, um exemplo é o porque de não ensinarem-lhes sobre a antiga nação etíope, que derrotou os italianos duas vezes e foi a única nação livre na África desde sempre.


Os Rastas mudaram sua própria imagem, da que os brancos faziam, como primitivos e saídos das selvas para um desafiador movimento pela cultura africana e que agora é considerada como roubada deles, quando foram retirados da África por navios negreiros.


Estar próximo a natureza e da savana africana e seus leões, em espírito se não fisicamente, é primordial pelo conceito que eles tem da cultura africana. Viver próximo e fazer parte da natureza é visto como africano. Esta aproximação africana com a natureza é vista nos dreadlocks, ganja, e comida fresca, e em todos os aspectos da vida rasta. Eles evitam a aproximação da sociedade moderna com o estilo de vida artificial e excessivamente objetivo, renegando a subjetividade a um papel sem qualquer importância.


Outro importante identificador do seu afrocentrismo é a identificação com as cores verde, dourado, e vermelho, representantativas da bandeira da Etiópia. Elas são o símbolo do movimento rastafári, e da lealdade dos rastas a Hailê Selassiê, à Etiópia e a África acima de qualquer outra nação moderna onde eles possivelmente vivem.


Muitos rastafáris aprendem a língua amárica, considerada como sua língua original, uma vez que esta é a língua de Hailê Selassiê, identificando-os como etíopes; porém na prática eles continuam a falar sua língua nativa, geralmente a versão do inglês conhecida como patois jamaicano. Há músicas de reggae escritas em amárico.
Fonte: Wikipédia

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Reggae no Muiraquitã



Caros Amigos,


NESTE SÁBADO é dia de MUIRAQUITÃ SAMBAREGGAESYSTEM !!


DIA : 13/06/09 (neste SÁBADO)


LOCAL: Para quem nunca foi, tem um mapa acima, mas, subindo a rua dos motéis (em direção ao Petros), primeira esquerda.


HORA: A partir das 19:00 horas.


ATRAÇÕES:

· Banda LINHA RASTA (Reggae Roots)

· Banda Amigos do Som (ex JB e Amigos do Samba)

· DJ Dabaska

· Aniversário do Lóris (garçon do Bar do Armando)

· Aniversário do DJ Marcelino

· Sinuca "Free" (contribuam com a caixinha !!)

· Filmes, documentários...

· Bohemia gelada...

· Gente Bonita...


PS: Pedimos encarecidamente que tragam uma pequena (ou grande) contribuição para o "chapéu" da banda, desta forma podemos continuar proporcionando mais atrações para o Muiraquitã e a entrada continua franca...

As campanhas continuam:
1) Tragam sorriso, alegria e a boa energia;
2) Aceitamos doações de livros, vídeos, fotos, decorações....;
3) Quem tem fé vai a pé, de Bike ou otimiza as caronas. A rua do Muiraquitã é estreita e continuamos com o problema do estacionamento... Bom, é isso, ajudem a divulgar o espaço, que é de todos!
Abraços Muiraquitanianos...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Peixe Bom de Comer (?) II

Perca do Nilo (Lates niloticus)


Existem sim inúmeros casos que podemos comparar com os nossos, de introdução de espécies causadas pelo homem em todo o planeta - e não somente de peixes - que causam prejuízos tanto ambientais quanto econômicos. Um exemplo é a do mexilhão dourado (Limnoperna fortunei), um "Made in China" que dificulta o perfeito funcionamento das turbinas de usinas hidrelétricas como a de Itaipu, no rio Paraná.


De repente, num dos seminários de Biologia da Conservação, ministrado pelo Dr. Fernando Fernadez (UFRJ) me deparei com outro caso assustador de um bicho que foi introduzido no Lago Vitória, na África Oriental, que segundo o site Wikipédia é o maior lago tropical do mundo e o segundo maior lago de água doce do mundo em termos de área, com 68.870 quilômetros quadrados. Esse “bicho” é vulgarmente conhecido como Perca do Nilo (Lates niloticus) - olhem a coincidência – e foi introduzido após uma brilhante idéia de alguém que queria somente aumentar a oferta de pescado.

Só que esse brilhante homem não conhecia as espécies, a ecologia dessa rica fauna de peixes do lago Vitória (ictiofauna) e nem tampouco desconfiava que a perca poderia causar um profundo impacto nessas populações (Lowe-McConnell, 1999). O fato é que aconteceram duas grandes coisas que aqui podemos destinguir: 1 – Com a introdução da perca, as populações de peixes sofreram profundas alterações, ou seja, se extinguiram ou, no caso da grande minoria das espécies, mudaram de nicho, ocupando outras áreas do lago antes não ocupadas e até mesmo em condições adversas, como a falta de oxigênio (hipóxia); e 2 – Como a perca possui uma grande quantidade de gordura, os nativos tem que defumar sua carne: para isso, desmataram grandes áreas de florestas ao redor do lago. Para eles, a carne da perca não é tão saborosa quanto à dos peixes nativos que simplesmente sumiram após sua chegada.

Notem, meus queridos, que a perca é parente muito próximo (são da mesma Ordem, Perciformes) do tão famigerado Tucunaré e da Tilápia, que atualmente habitam as águas do Velho Monge. Portanto, não só existe a possibilidade de extinção das nossas espécies como também a de muitos ribeirinhos não ter mais, no futuro, algo para comer do rio.

E se um dia isso acontecer, de quem será a culpa? Dos peixes que não são de lá? Lembrei-me nesse momento, de um côro que o Prof. Fernando nos fez memorizar quando ele perguntava, por exemplo, “Por que não existem mais pingüins no Pólo Norte?” Sim, porque o homem os extinguiu. Porque infelizmente a falta de bom senso nos faz crer que somos uma espécie superior a todas. Que coisa... Qual é mesmo o motivo desse medo causado por um mísero vírus chamado H1N1? Calma gente, ele é só um vírus...


Já imaginaram se a espécie humana conseguir se extinguir e, se por acaso outra (muito mais inteligente) aqui chegasse em seguida e entendesse, pelos registros fósseis, que uma única espécie promoveu uma carnificina geral? Que existiam muitas espécies passeriformes que não voavam e grandes animais que chamamos de “megafauna” que se extinguiram após sofrerem forte pressão humana? Com certeza procurariam outro mundo para viver. Seria algo como chegarmos a uma cena de homicídio que acontecera recentemente.


domingo, 24 de maio de 2009

Peixe bom de comer...




Assim como na amazônia - e não somente a brasileira -, centenas de milhares de pessoas utilizam os recursos naturais disponiveis para sua subsistência no Brasil. A fauna de peixes é por sua vez, um desses recursos que são a única fonte de proteína animal e que certamente é sobrexplorada em muitas localidades. Lugares onde antes a exploração dita "sustentável" acontecia, hoje submetem-se a "projetos de produção" que nada mais são do que verdadeiros elefantes brancos, ineptos e desproporcionais para cada realidade onde são implantados.

Advém daí, em muitos casos, um problema que aos olhos de leigos contituem uma mera naturalidade, uma obra do acaso antropológico sobre o ambiente. Várias espécies de peixes exóticos podem promover uma verdadeira chacina quando introduzidos em ambientes onde as espécies nativas levaram milhares de anos para evoluir e ocuparem o seu lugar dentro de cada nicho específico (função exercida por cada espécie em seu ambiente).

Basta olhar para a tilápia (Oreochromis niloticus), uma espécie do rio Nilo, e perceber o quão adaptada ela é no que diz respeito à sua rusticidade, ou seja, capacidade que tem em suportar ambientes adversos e muitas vezes impróprio para outras espécies (em muitos casos, ambientes antropogênicos). Trocando em miúdos, ela é tão adaptável que se encaixa perfeitamente em quase todos os nichos aquáticos conhecidos.

Agora eu me pergunto: Por que, meus caros tomadores de decisão do Piaui, os senhores teimam em introduzir essa tilápia na bacia do Parnaíba? Para aumentar a oferta de pescado? Acho que, sinceramente, os senhores precisam de aulas de ecologia de populações para perceberem a monstruosidade na qual estão tornando as águas do Parnaíba, que certamente vai diminuir a longo prazo a propria oferta de pescado. O motivo? Veremos adiante.

Em levantamento prévio realizado, um trabalho intitulado "Diversidade íctica do rio Parnaíba a partir dos conhecimentos de uma população ribeirinha em Floriano - PI" (Feitosa & Lima, 2008) mostrou que pelo menos duas espécies são introduzidas. Cichla ocellaris (foto) e Colossoma macropomum (tucunaré e caranha, respectivamente) são nativas da amazônia e como a primeira é predador topo de cadeia, pode a curto ou médio prazo, desmantelar a cascata trófica original entre as espécies nativas, ou seja, ela simplesmente pode consumir todo o recurso disponível (os peixes nativos) e acabar ela mesmo sucumbindo pelo esgotamento deste.

Certamente esse problema foi causado por produtores de peixes em cativeiro que, irresponsavelmente, deixaram escapar individuos para a bacia. Esse fato é inerente à pisciculturas e sempre aconteceu, inevitavelmente. Não quero aqui culpar A ou B pelo acontecido, reconheço o papel das pisciculturas. Mas, porque não usar espécies nativas da bacia, que certamente possuem potencial econômico? Alguns biólogos são contra até mesmo essa prática, devido ao empobrecimento genético, mas não vejo outra saída para evitarmos uma superexploração dos recursos ainda disponível para nós e futuras gerações. Como disse Júlio César, "Alea jacta est".

O Muiraquitã




Nessa minha visita à Amazônia deparei-me com um mundo novo e totalmente adimirável. Grandioso sim, mas não ilimitado como muitos imaginam. E uma das maiores riquezas é sem dúvida o povo desse lugar, além é claro, dos seus recursos naturais. Por isso, nessa minha primeira postagem resolvi comentar sobre o nome de um espaço cultural concebido em sociedade por alguns bolsistas do Inpa - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Ele se chama Muiraquitã e tem como principal objetivo divulgar arte em todos os sentidos.


O Muiraquitã,
Por Walcyr Monteiro



Muiraquitã é o nome que os índios davam a pequenos objetos, geralmente representando uma rã, trabalhados em pedra de cor verde, jadeíta ou nefrita, podendo existir em outros minerais e de outras cores. Conhecidos desde os tempos da descoberta, foi entre os séculos XVII e XIX que se tornaram mais procurados, sendo atribuídas qualidades de amuleto ou talismã e ainda virtudes terapêuticas. O muiraquitã atraía sorte para os seus possuidores e também curava quase todas as doenças.
Mas... qual a origem do muiraquitã? Por que se atribuíam tantos poderes a um simples pedaço de mineral?


Encontrado principalmente na região do baixo Amazonas – por conseguinte justamente nas adjacências da foz do Rio Nhamundá, de cuja confluência com o Rio Amazonas pretensamente Orelhana encontrara mulheres guerreiras – o muiraquitã deu muito o que falar e gerou muitas controvérsias. Foi contestada inclusive sua origem, que não seria amazônica e sim asiática... Mas aqui não se vai discutir a origem arqueológica! O que nos interessa é saber como o muiraquitã entra na história e no lendário da região...!


Autores há que afirmam que Orelhana, cuja aventura vimos antes, não combateu com mulheres. Na verdade, teria se defrontado com uma tribo de índios encabelados, os quais, na guerra, eram auxiliados pelas mulheres, daí Orelhana Ter se confundido. Mas outros, inclusive o Frei Gaspar de Carvajal, que participou da expedição, dão o testemunho da existência das mulheres guerreiras, no que são acompanhados por descrições de diversos índios... Mas estes não falavam em amzonas, até porque não sabiam o que significava. Os índios falavam em Icamiabas, que significa "mulheres sem marido".


As Icamiabas viviam no interior da reghião do Rio Nhamundá, sozinhas. Ali, eram regidas por suas próprias leis. Durante muitos anos foram procuradas por diversos estudiosos e exploradores, porém nunca foram encontradas. A região era denominada por estes aventureiros de País das Pedras Verdes e era guardada por diversas tribos de índios, das quais a mais próxima das Icamiabas era a dos Guacaris. E por que a denominação de país das pedras para País das Pedras Verdes? Porque era justamente daí que se originavam os muiraquitãs, as famosas pedras verdes... Dizia-se que as Icamiabas realizavam uma festa anual dedicada à lua e durante a qual recebiam os índios Guacaris, com os quais se acasalavam. Depois do acasalamento, mergulhavam em um lago chamado Iaci-uaruá (Espelho da Lua) e iam buscar, no fundo, a matéria- prima com que moldavam os muiraquitãs, os quais, ao saírem da água, endureciam. Então presenteavam os companheiros com os quais tinham feito amor... Os que recebiam, usavam orgulhosamente pendurados ao pescoço. No ano seguinte, na realização da festa, as mulheres que tinham parido ficavam com as filhas e entregavam os filhos para os guacaris...


Fantasia? Obra da imaginação? Patranhas de viajantes, cronistas e aventureiros? Hoje, tantos anos depois, é difícil de julgar. Mas os muiraquitãs existem: estão aí a enfeitar museus ou nas mãos de colecionadores particulares...Amazonas ou Icamaibas, a lenda foi tão forte que designou um rio, um estado da Federação e a toda uma região. Pode até não Ter fundo de verdade, mas que é linda é! Já pensou o que é fazer amor com uma bela mulher numa noite enluarada, à beira de um lago a espelhar a lua, em plena selva? E ao fim ainda receber de presente um muiraquitã ? Se não é verdade, deveria ser!


De qualquer forma, quando se pronuncia Amazônia, não se pode deixar de pensar em muiraquitã e em mulheres guerreiras, mas também amorosas, como aliás são as mulheres da Região Amazônica...