sábado, 27 de agosto de 2011

Soneto à minha solidão

Solidão é sempre campo muito fértil...
Entre grandes, postes de concreto,
Muros e mata seca. Tudo muito estéril.
Os fios a vista correm mas não vejo algo de afeto.

Meus pensamentos vagueiam, se perdem entre os quadrados.
Vigiam constantemente meus sentimentos plácidos,
Atacam e fogem vorazmente como um animal caçado...
Tornam-se triviais e, ao mesmo tempo, levemente plásticos.

A solidão é fera e ela agora me devora.
Descarna todo o brilho de minha tímida face,
Não escolhe dia, lugar, momentos nem hora.

A solidão é fogo e ela queima minha essência,
Carboniza minha carne e a transforma em pó.
Caminha entre os pêlos... E me deixa mais só.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Soneto ao novo lar



E na branquidão desse lugar
Meus pensamentos voam devagar.
Sobem e descem numa infinita 'bateção'
Molham e secam as coisas do coração.

Eles fluem, com aparente rapidez...
Rememoram meu estado de escassez.
No entanto, desfrutam de campo fértil.
Pousam e decolam em meu corpo febril.

Aridez em terra fértil é sinal de choro;
Sem mel de abelha, doado pelo cálice da flor.
Sem torrente de desejo, paixão, amor e gozo.

E nesse lugar, das mais altas montanhas e Picos,
Tudo afasta-se e aproxima-se do meu mundo.
Um mundo soturno, entre mortos e vivos.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Uespi, Campus de Picos

 Professora Sorainy Mangueira (à direita) conduzindo a reunião.

Já no primeiro dia em Picos-PI, onde vou trabalhar como professor substituto da Uespi (Universidade Estadual do Piauí) me deparei com um evento muitíssimo interessante. O dito se tratava de uma reunião do Conselho (creio que representativo da instituição) onde os conselheiros argumentavam sobre haver ou não vestibular, devido às péssimas condições estruturais, financeiras e de material humano que a mesma se encontra.

Como era uma reunião pública, me coloquei como cidadão piauiense, contra a realização do exame. Mas, infelizmente, creio que muitos aspectos deixaram de ser amplamente discutidos. Por isso, pretendo elencar alguns aqui.

1 - Como, se o prédio está na iminencia de cair sobre as pessoas, pode funcionar o processo de ensino-aprendizagem na instituição? Correr risco de vida é o preço a pagar pela incompetência do Estado? Que tipo de profissional a comunidade acadêmica deseja formar para a sua sociedade?
2 - Imaginem o quanto (me refiro à cifra, dinheiro mesmo) é disperdiçado (jogado no ralo) com despesas extras com outros prédios, cedidos por livre e espontânea pressão. Não ha um controle sobre esses gastos. Outro porém em relação a isso, é que o dinheiro que ta indo pro ralo é meu e de qualquer cidadão. Pois ele é originário dos impostos pagos por nós mesmos.
3 - Por que o medo da comunidade acadêmica em pressionar o governo? Entendo que não havendo o processo seletivo, poderia implicar numa espécie de "mácula" que nenhum governo desejaria arcar, ou melhor dizendo, ser lembrado por tal. Sim, pois Picos é tida como a terceira maior cidade do Estado e seria muito ruim para qualquer governo ter essa "mancha negra". Entendo que o risco vale a pena, pois a sociedade picoense poderia ser vista como condescendente e, aí sim, poderia reagir revolucionariamente.

4 - O que se percebe, numa leitura bem superficial é claro, é que a comunidade acadêmica possui pensamentos divergentes aos diversos aspectos da formação profissional. Enquanto os discentes pregam que os cursos acabarão em detrimento da não realzação do exame, esquecem que o profissional que dali sai, geralmente não atende às perspectivas da sociedade.

Enfim, dentre tantos aspectos e argumentos levantados na reunião - a maioria esmagadora a favor da continuação do status atual da instituição - poucos ventilaram a cerca da perspetiva de uma melhor qualidade de vida e de condições de trabalho para toda a comunidade acadêmica. Quiçá para a sociedade.


Saí do auditório a me perguntar se o movimento a favor da realização do exame, que é encabeçado basicamente pelo Diretório Central dos Estudantes, tem força suficiente para continuar a luta por melhorias do Campus após a saída dos seus representantes, ou seja, após o "diploma na mão". A resposta, no entanto, me veio logo em seguida, após lembrar da hipócrita comparação da instituição com uma pessoa em estado terminal, ou numa unidade de terapia intensiva. Como, se eles mesmos levaram caixão e tudo para a frente da instituição que eles dizem tanto amar? No mínimo, isso tudo é muito bizarro e contraditório.


Para terminar, não me vejo como uma marionete, mesmo sendo um profissional do quadro provisório. Prefiro ser culpado agindo como um homem racional, digno da espécie Homo sapiens (Linnaeus, 1758). Pago o preço que for para continuar com minhas convicções, a serviço da justiça e não sendo manipulado vergonhosamente por qualquer pessoa.


Em breve, algumas fotografias serão divulgadas, principalmente da estrutura do prédio. Mesmo sabendo que posso sofrer ameaças e retaliações, não posso ficar de braços cruzados esperando o prédio onde vou trabalhar cair sobre as pessoas ou literalmente pegar fogo. Não quero ser carbonizado por um incêndio que pode ter causas criminosas, nem tão pouco quero que pessoas inocentes também sejam.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Soneto dos passarinhos do meu quintal

E como ficam os passarinhos?
Se todas as copas nós os usurparem...
A última eu vi, foi em brasa ao céu. [Subiu como em sonho]
Sucumbiu. Como eu por tanto te amar.

A rolinha já não mais nidifica.
Todos os passarinhos foram embora
Pra um lugar bem lá fora, tão longe que nem sei onde fica.
Onde até o pica-pau não mais a madeira bica

O céu escureceu naquele dia quente
De repente, a fumaça se ergueu
Tornando-nos cada vez mais impotente.

Então os bichos revoaram e aqui não mais cantam
Ficou a saudade e a mais pura certeza
De que quem agoniza mesmo é a minha e a sua natureza.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Soneto

No auge, bem lá no alto de todo o meu amor,
Tudo virou cinzas, se queimou e esfumaçou.
Me restaram as lembranças, as cartas, as canções eternizadas
E as fotografias, com seus versos nos versos que ora ficam cristalizados.
Hoje, tudo se foi. Esvaiu como fina areia entre os dedos.
Arrancou-se, estilhaçou-se o pobre sentimento solitário.
Sem clemência nenhuma o réu foi condenado
Ao tão renegado mundo do imenso vazio.
No vazio, não há dor. Nem tristeza, nem rancor.
Só um grande vácuo ao meu peito comprimir.
Um mergulho no infinito. Sem uma luz a me sorrir.
Magistral é a vida e o seu tempo. Fabulosa, sem igual.
Tudo nela nos ensina: a mente, um fruto e sua semente a germinar...
Obrigado! Mergulho agora na minha água, terra fértil e genial.

Este soneto é uma pequena homenagem à *********, mulher que amei e que me ensinou nuances incríveis e inimagináveis desse sentimento tão sublime que há entre os seres humanos.

P.S. por motivos pessoais, a pessoa antes acima citada solicitou a retirada do seu nome na postagem.

domingo, 14 de agosto de 2011

Plantas do meu lugar

 Pau-d'arco-amarelo
Também conhecido como Ipê-amarelo, a planta pertence à família das Bignoniáceas.
Gênero: Tabebuia


Cajú
Pertence à família Anacardiaceae, uma das características mais interessantes da planta é que o seu fruto se constitui de duas partes: a castanha (o fruto verdadeiro) e o pedúnculo floral; por isso ele é classificado como pseudofruto.
Nome científico: Anacardium occidentale

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O tempo ta esgotando ou o esgoto tá sem tempo???

A imagem diz tudo. Talvez, não precisaria dizer o que abaixo escrevi


Foi amplamente divulgado nos meios de comunicação da web que a prefeitura de Floriano, juntamente com uma empresa contratada para implantar a rede de coleta do esgotamento sanitário dessa cidade, estão sendo investigadas por possíveis desvios de conduta, evidenciadas por superfaturamentos diagnosticadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

E agora, pessoas, o tempo de vocês está se esgotando ou o esgoto da cidade não vai sair mesmo, por pura incompetência e descaso com o coletivo? Assim como a rodoviária, assim como os buracos na cidade e como tantos outros problemas que os florianenses estão cansados de enfrentar diariamente?

Infelizmente, cada vez mais acredito numa das frases mais ontológicas do cinema mundial. Na trilogia de "O poderoso chefão" (The Godfather - direção de Francis Ford Coppola), mais precisamente no terceiro e último filme, um dos personagens - Don Tommasino - afirma categoricamente: "A política e o crime são a mesma coisa". Fiquei a me questionar... E há pessoas no meio "político" que desmentem essa prerrogativa. Mas infelizmente, notícias como essa, sobre corrupção na porta de nossas casas, certamente faz mais brasileiros se interessar menos pelas questões políticas.

É realmente uma grande decepção o que vemos ultimamente em nosso município. Total descaso, eu diria. E o pior: em detrimento de interesses estritamente pessoais. Fora bando de corruptos. Estou indignado com o descaso para com as coisas da minha terra. O lugar que quero viver, investir e contribuir para que pessoas honestas sejam maioria, não precisa, nem deseja pessoas contrárias à esses valores.

Talvez, seria interessante algum deles tentar responder a pergunta-título dessa postagem. Só pra registro.

Para ver a fonte dessa notícia CLIQUE AQUI.

sábado, 6 de agosto de 2011

Enquanto isso, na taberna nos meus sonhos...


Siriguela: Spondias purpurea

Por que teus olhos não me vêem?
Por que tua boca não me fala?
Nem que sim, nem um talvez ou um desdém...
Por que te calas, por que não afagas?...
Por que não sentes? Dissipa meu calor!
Porque não ouves... Retém o meu amor!
Porque não ri... Te esconde na caverna...
Então vai, sente o frio frugal do teu canto turvo,
Ou melhor, te esconde na taberna
Dos meus sonhos tortos, curvos...
Não faz mais nada... Não grita,
Não chora e nem ri. Não corra...
Nem toque mais aquela gaita
Harmônica, florida, que tanto me excita...
Levante a popa, erga a vela e então morra
Na beira do rio-mar, ao lado dos seus dragões,
Dos seres alados que me socorram.
Enfim, toque-o... E pela última vez, o sinta.
Não precisarás de nenhum dos teus cinco sentidos.
Só evoque a chuva. Ela te inundará.