sábado, 6 de agosto de 2011

Enquanto isso, na taberna nos meus sonhos...


Siriguela: Spondias purpurea

Por que teus olhos não me vêem?
Por que tua boca não me fala?
Nem que sim, nem um talvez ou um desdém...
Por que te calas, por que não afagas?...
Por que não sentes? Dissipa meu calor!
Porque não ouves... Retém o meu amor!
Porque não ri... Te esconde na caverna...
Então vai, sente o frio frugal do teu canto turvo,
Ou melhor, te esconde na taberna
Dos meus sonhos tortos, curvos...
Não faz mais nada... Não grita,
Não chora e nem ri. Não corra...
Nem toque mais aquela gaita
Harmônica, florida, que tanto me excita...
Levante a popa, erga a vela e então morra
Na beira do rio-mar, ao lado dos seus dragões,
Dos seres alados que me socorram.
Enfim, toque-o... E pela última vez, o sinta.
Não precisarás de nenhum dos teus cinco sentidos.
Só evoque a chuva. Ela te inundará.


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