quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Uespi, Campus de Picos

 Professora Sorainy Mangueira (à direita) conduzindo a reunião.

Já no primeiro dia em Picos-PI, onde vou trabalhar como professor substituto da Uespi (Universidade Estadual do Piauí) me deparei com um evento muitíssimo interessante. O dito se tratava de uma reunião do Conselho (creio que representativo da instituição) onde os conselheiros argumentavam sobre haver ou não vestibular, devido às péssimas condições estruturais, financeiras e de material humano que a mesma se encontra.

Como era uma reunião pública, me coloquei como cidadão piauiense, contra a realização do exame. Mas, infelizmente, creio que muitos aspectos deixaram de ser amplamente discutidos. Por isso, pretendo elencar alguns aqui.

1 - Como, se o prédio está na iminencia de cair sobre as pessoas, pode funcionar o processo de ensino-aprendizagem na instituição? Correr risco de vida é o preço a pagar pela incompetência do Estado? Que tipo de profissional a comunidade acadêmica deseja formar para a sua sociedade?
2 - Imaginem o quanto (me refiro à cifra, dinheiro mesmo) é disperdiçado (jogado no ralo) com despesas extras com outros prédios, cedidos por livre e espontânea pressão. Não ha um controle sobre esses gastos. Outro porém em relação a isso, é que o dinheiro que ta indo pro ralo é meu e de qualquer cidadão. Pois ele é originário dos impostos pagos por nós mesmos.
3 - Por que o medo da comunidade acadêmica em pressionar o governo? Entendo que não havendo o processo seletivo, poderia implicar numa espécie de "mácula" que nenhum governo desejaria arcar, ou melhor dizendo, ser lembrado por tal. Sim, pois Picos é tida como a terceira maior cidade do Estado e seria muito ruim para qualquer governo ter essa "mancha negra". Entendo que o risco vale a pena, pois a sociedade picoense poderia ser vista como condescendente e, aí sim, poderia reagir revolucionariamente.

4 - O que se percebe, numa leitura bem superficial é claro, é que a comunidade acadêmica possui pensamentos divergentes aos diversos aspectos da formação profissional. Enquanto os discentes pregam que os cursos acabarão em detrimento da não realzação do exame, esquecem que o profissional que dali sai, geralmente não atende às perspectivas da sociedade.

Enfim, dentre tantos aspectos e argumentos levantados na reunião - a maioria esmagadora a favor da continuação do status atual da instituição - poucos ventilaram a cerca da perspetiva de uma melhor qualidade de vida e de condições de trabalho para toda a comunidade acadêmica. Quiçá para a sociedade.


Saí do auditório a me perguntar se o movimento a favor da realização do exame, que é encabeçado basicamente pelo Diretório Central dos Estudantes, tem força suficiente para continuar a luta por melhorias do Campus após a saída dos seus representantes, ou seja, após o "diploma na mão". A resposta, no entanto, me veio logo em seguida, após lembrar da hipócrita comparação da instituição com uma pessoa em estado terminal, ou numa unidade de terapia intensiva. Como, se eles mesmos levaram caixão e tudo para a frente da instituição que eles dizem tanto amar? No mínimo, isso tudo é muito bizarro e contraditório.


Para terminar, não me vejo como uma marionete, mesmo sendo um profissional do quadro provisório. Prefiro ser culpado agindo como um homem racional, digno da espécie Homo sapiens (Linnaeus, 1758). Pago o preço que for para continuar com minhas convicções, a serviço da justiça e não sendo manipulado vergonhosamente por qualquer pessoa.


Em breve, algumas fotografias serão divulgadas, principalmente da estrutura do prédio. Mesmo sabendo que posso sofrer ameaças e retaliações, não posso ficar de braços cruzados esperando o prédio onde vou trabalhar cair sobre as pessoas ou literalmente pegar fogo. Não quero ser carbonizado por um incêndio que pode ter causas criminosas, nem tão pouco quero que pessoas inocentes também sejam.

Um comentário:

  1. Olá Chico Mário.

    Tô com você. Isto aí é uma vergonha. Arrocha o nó.

    Um abraço.

    Jair Feitosa.

    ResponderExcluir