sábado, 10 de setembro de 2011

Que bobinho!



Eis um dos motivos pelo qual não tenho/sigo religião nenhuma: acreditar em algumas pessoas é algo impossível. Ah, mas isso (mentir, falar verdades...) é da natureza humana, relaxe homi! “Somos brasileiros, tiramos de letra e não desistimos nunca”, já diz o jargão popular. Assim e tranquilamente, tenho vivido após passar por algumas fases de minha curta existência... Mais ouvindo que falando, tenho aprendido algumas coisas interessantes em relação às regras sociais e às pessoas que convivo.

Entendendo a vida como fases, sempre tento fazer uma análise das diversas situações que se apresentam, com vistas a tornar-me uma pessoa mais útil, para mim e para as outras pessoas. Mas, interessante mesmo é notar que no mundo, onde existem atualmente cerca de 7 bilhões de pessoas, todas, sem tirar nem pôr, dispensam um relativo tempo para entender certos aspectos que permeiam a sua vida e a dos outros. É da natureza de cada um. Cada um no seu tempo.

Chocante não é mesmo? Em certo nível, se torna até contraditório perceber milhares de pessoas com mesma faixa etária falando línguas tão diferentes (diria gritantes), embora vivam no mesmo lugar, tenham os mesmos anseios e idioma de origem. Freqüentemente me vejo surpreendido com situações assim. Outro dia fui pego por uma dessas, onde as pessoas de um mesmo círculo social destoaram “pra muito mais de metro”. Tinha um quê de ditadura, algo muito difícil de engolir.

É, pois é. Estou falando sim da Uespi. Nessa situação específica, achei bastante curioso como as pessoas acreditam em outras sem ao menos terem algo de concreto, palpável... Ou mesmo uma espécie de aparato anti-ideológico que fosse. Acredita-se pelo simples fato de acreditar, justificando o injustificável. Servem literalmente de marionete para um sistema que tem se mostrado indiferente com ela mesma. Não fazem a mínima idéia do quanto eles seriam fortes se fossem unidos.

Vi, nesses dias, num canal de televisão local uma pessoa que representava a classe estudantil dessa instituição. Ela dava uma espécie de recado do governador para a população em relação às reformas emergenciais da Uespi: “Ele disse que (...) e que faria (...)”. Promessas e mais promessas. Me perguntei se as pessoas não cansam de ouvir tantas promessas. Quanta bulhufas. Tolice, quanta tolice. E pensar que a universidade é o lugar de formação de cidadãos pensantes. Quanta tolice minha.

Pior mesmo é lembrar que muito provavelmente os “cidadãos pensantes” oriundos de universidades como essa vão futuramente ser os tomadores de decisão. Decisões essas que afetarão diretamente toda uma população. Decisões estas que serão difíceis de engolir, assim como as contradições de agora. Mas o povo vai ter que me engolir! À seco, com areia grossa, com brita ou seja lá o que for...

Para ser mais claro ainda: a comunidade acadêmica da Uespi de Picos está esperando acontecer uma tragédia para enfim cruzarem os braços por melhorias, pelo menos dignas para esse povo. Isso não é nenhum drama. Tanto não é que foi ventilado nesses últimos dias pelo conselho universitário em Teresina que a instituição não tem dinheiro nem mesmo para bancar o vestibular.

Será preciso alguém morrer carbonizado ou por desabamento da estrutura. Quem sabe assim, comprem então um novo caixão – aquele modelo Uespi – que os próprios estudantes levaram para a porta da instituição. Será preciso um novo velório, desta vez para ambas as partes. Quem sabe um velório coletivo.

Universidade: termo bonito não é? Universidaaaaaaaade!... Nome pomposo. Ora, quem não quer ser “dotor”? Lembrei-me agora do ex-governador Mão Santa, que tinha orgulho quando uma mãe ou pai de família de cidades do interior do Estado diziam para ele:

- Senhor Governador, muito obrigado por ter nos trazido a universidade estadual, assim pude realizar o sonho de ter um fio dotô!

- Aaah, não há de quê meu pôôôôôvo... Isso é para o povo do Piiiiiiiiauí!

Universidade: termo que infelizmente muitos governos estaduais fizeram o favor de diminuí-lo, ao ponto de, nem mesmo as pessoas que a fazem, saberem qual o real significado da palavra (refiro-me à etimologia).

A universidade deveria ser um meio muito mais fértil... Nessa fase da vida, as ideias nas cabeças dos universitários fervilham, borbulham nervosamente a procura de respostas para suas perguntas, fruto de suas mirabolantes hipóteses. Sei bem como é, um dia fui um deles que sonhava em mudar o mundo com um projeto de pesquisa.

No meu humilde ponto de vista, deveria haver mais discussões a respeito dos principais problemas por ela enfrentados, com um mínimo de passionalidade. A paixão é de fato muito boa. Mas exacerbadamente pode ser muito perigosa e atrapalha, sobretudo na concepção de soluções práticas. Universidade não é time de futebol e nem vai participar de concurso miss sei lá o quê. Universidade deveria ser lugar de gente pensante. Assim, ela é mais que isso: é o reflexo da sociedade que atende.

Entrar na universidade, só por entrar, é algo que atende às expectativas da sociedade que a banca?

Então, se o governo quer que suas marionetes ajam assim, que seja! Só há uma coisa para ser atentada: ser marionete tem um preço muito alto. O preço da continuidade do status dos grupos que detêm o poder; o preço do não investimento em educação; o preço da barganha e do “faz-me o favor!” da qual o povo infelizmente está acostumado e condicionado. O preço da não mudança de realidade, assegurando-nos uma triste posição no ranking das “n” desigualdades sociais. Parabéns por contribuir com essas pequenas coisinhas.
Mudança se faz é com revolução, com quebra de paradigmas. Como diz um grande amigo florianense que foi embora para o Distrito Federal “em algumas situações, nada de imitar seja lá quem for. Temos de ser nós mesmos (...) puxar a fila, não segui-la”.

Um comentário:

  1. Olá Chico Mário.

    Cara, que texto. Que crítica bem elaborada e leve (humor). Você começou, assim, uma nova etapa na vida profissional. Então, vais encontrar ainda cada marmota. Ah, concordo com os aspectos críticos que você apontou.

    Um abraço.

    Jair Feitosa.

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