sexta-feira, 16 de setembro de 2011

No quintal do brejeiro




Saudade do meu tempo de menino...
Corria, chutava bola em pontudo piso,
Brincava, chorava rios e por tudo era riso...
Descalço, ao sol e à chuva, não havia sinal de sino.

Realizado, não me preocupava com nada...
Nem de me lembrar de certas coisas,
Muito menos esquecer tantas outras...
Só vivia intensamente meu mundo encantado.

Subia o pé de siriguela, fruta doce e saborosa
Que me lembra o gosto do beijo
Daquela que um dia foi o meu desejo,
De vida a dois em verso e prosa.

Também tinha pé de manga, coisa boa era subir...
Dentre todas a mais alta, dormida dos azulões-cantores.
Revoavam ao entardecer e gorjeavam até dormir.
Despertavam no alvorecer cantando vida aos seus amores.

A goiabeira era o puleiro, cheiro doce atraente;
 Das pipiras e seus silvos, lindas e azuis da cor do mar.
Comedidas por demais quando um a curiar,
Elegantes como sempre no céu do meu quintal a voar.

Meu quintal era meu mundo todo
Delinqüente, fanfarrão e cavernoso.
Cheio de fantasias, imponente, genial e majestoso.
Lugar bom e sinistro, alegre e vagabundo.

Das mirabolantes fórmulas mágicas lá provei
Fiz de um tudo: amei, chorei, voei.
Subi bem alto e senti o doce cheiro;
Refiz meus passos: agora sou brejeiro.

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