quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Parafraseando gente grande...


Como diz Zé Geraldo em relação à força bruta, ao excesso de força em relação às pessoas e coisas que compõe nossa vida (Como diria Dylan, 1980), ela (a força em excesso) é sim um grande sintoma de fraqueza. Então, o que dizer das grandes potências mundiais que dizimam centenas de milhares de pessoas simplesmente pelos recursos naturais de um povo ou nação? Será por puro egoísmo? Que fraco, que pobre. Por que ser egoístas se estamos e vamos pro mesmo buraco? Não precisamos ser tão inescrupulosos assim. Não vejo motivos.

Belo gancho para dizer que cão que ladra não morde. Cães que ladram somente o fazem para tentar se mostrar maiores ou mais barulhentos e medonhos do que realmente são. E as vezes conseguem. É uma estratégia de sobrevivência, adotada também por muitos outros seres vivos. Belo motivo pra dizer a algumas pessoas que, além de um grande sintoma de fraqueza, às vezes, a força em excesso as fazem esquecer de viver. Vivem suas vidas em função das outras. “Ei você que tem de 8 a 80 anos, não fique ai perdido como ave sem destino. Pouco importa a ousadia dos seus planos, eles podem vir da vivência de um ancião ou da inocência de um menino (...)”: Produza. Não somente se reproduza.

Para elas eu digo que não me deixo “(...) intimidar pela violência, o poder da tua mente é toda sua fortaleza. Pouco importa esse aparato bélico universal (...) O importante é perceber essa força incrível que existe dentro de você (...)” Viva. Seja feliz. Faça-se útil para as pessoas do teu círculo, seja um cidadão para as demais pessoas. Não viva agarrada ao passado, este já ficou nas entranhas do processo de esquecimento. É por isso que existem as fotografias, os livros, as músicas, os museus...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

No quintal do brejeiro




Saudade do meu tempo de menino...
Corria, chutava bola em pontudo piso,
Brincava, chorava rios e por tudo era riso...
Descalço, ao sol e à chuva, não havia sinal de sino.

Realizado, não me preocupava com nada...
Nem de me lembrar de certas coisas,
Muito menos esquecer tantas outras...
Só vivia intensamente meu mundo encantado.

Subia o pé de siriguela, fruta doce e saborosa
Que me lembra o gosto do beijo
Daquela que um dia foi o meu desejo,
De vida a dois em verso e prosa.

Também tinha pé de manga, coisa boa era subir...
Dentre todas a mais alta, dormida dos azulões-cantores.
Revoavam ao entardecer e gorjeavam até dormir.
Despertavam no alvorecer cantando vida aos seus amores.

A goiabeira era o puleiro, cheiro doce atraente;
 Das pipiras e seus silvos, lindas e azuis da cor do mar.
Comedidas por demais quando um a curiar,
Elegantes como sempre no céu do meu quintal a voar.

Meu quintal era meu mundo todo
Delinqüente, fanfarrão e cavernoso.
Cheio de fantasias, imponente, genial e majestoso.
Lugar bom e sinistro, alegre e vagabundo.

Das mirabolantes fórmulas mágicas lá provei
Fiz de um tudo: amei, chorei, voei.
Subi bem alto e senti o doce cheiro;
Refiz meus passos: agora sou brejeiro.

sábado, 10 de setembro de 2011

Que bobinho!



Eis um dos motivos pelo qual não tenho/sigo religião nenhuma: acreditar em algumas pessoas é algo impossível. Ah, mas isso (mentir, falar verdades...) é da natureza humana, relaxe homi! “Somos brasileiros, tiramos de letra e não desistimos nunca”, já diz o jargão popular. Assim e tranquilamente, tenho vivido após passar por algumas fases de minha curta existência... Mais ouvindo que falando, tenho aprendido algumas coisas interessantes em relação às regras sociais e às pessoas que convivo.

Entendendo a vida como fases, sempre tento fazer uma análise das diversas situações que se apresentam, com vistas a tornar-me uma pessoa mais útil, para mim e para as outras pessoas. Mas, interessante mesmo é notar que no mundo, onde existem atualmente cerca de 7 bilhões de pessoas, todas, sem tirar nem pôr, dispensam um relativo tempo para entender certos aspectos que permeiam a sua vida e a dos outros. É da natureza de cada um. Cada um no seu tempo.

Chocante não é mesmo? Em certo nível, se torna até contraditório perceber milhares de pessoas com mesma faixa etária falando línguas tão diferentes (diria gritantes), embora vivam no mesmo lugar, tenham os mesmos anseios e idioma de origem. Freqüentemente me vejo surpreendido com situações assim. Outro dia fui pego por uma dessas, onde as pessoas de um mesmo círculo social destoaram “pra muito mais de metro”. Tinha um quê de ditadura, algo muito difícil de engolir.

É, pois é. Estou falando sim da Uespi. Nessa situação específica, achei bastante curioso como as pessoas acreditam em outras sem ao menos terem algo de concreto, palpável... Ou mesmo uma espécie de aparato anti-ideológico que fosse. Acredita-se pelo simples fato de acreditar, justificando o injustificável. Servem literalmente de marionete para um sistema que tem se mostrado indiferente com ela mesma. Não fazem a mínima idéia do quanto eles seriam fortes se fossem unidos.

Vi, nesses dias, num canal de televisão local uma pessoa que representava a classe estudantil dessa instituição. Ela dava uma espécie de recado do governador para a população em relação às reformas emergenciais da Uespi: “Ele disse que (...) e que faria (...)”. Promessas e mais promessas. Me perguntei se as pessoas não cansam de ouvir tantas promessas. Quanta bulhufas. Tolice, quanta tolice. E pensar que a universidade é o lugar de formação de cidadãos pensantes. Quanta tolice minha.

Pior mesmo é lembrar que muito provavelmente os “cidadãos pensantes” oriundos de universidades como essa vão futuramente ser os tomadores de decisão. Decisões essas que afetarão diretamente toda uma população. Decisões estas que serão difíceis de engolir, assim como as contradições de agora. Mas o povo vai ter que me engolir! À seco, com areia grossa, com brita ou seja lá o que for...

Para ser mais claro ainda: a comunidade acadêmica da Uespi de Picos está esperando acontecer uma tragédia para enfim cruzarem os braços por melhorias, pelo menos dignas para esse povo. Isso não é nenhum drama. Tanto não é que foi ventilado nesses últimos dias pelo conselho universitário em Teresina que a instituição não tem dinheiro nem mesmo para bancar o vestibular.

Será preciso alguém morrer carbonizado ou por desabamento da estrutura. Quem sabe assim, comprem então um novo caixão – aquele modelo Uespi – que os próprios estudantes levaram para a porta da instituição. Será preciso um novo velório, desta vez para ambas as partes. Quem sabe um velório coletivo.

Universidade: termo bonito não é? Universidaaaaaaaade!... Nome pomposo. Ora, quem não quer ser “dotor”? Lembrei-me agora do ex-governador Mão Santa, que tinha orgulho quando uma mãe ou pai de família de cidades do interior do Estado diziam para ele:

- Senhor Governador, muito obrigado por ter nos trazido a universidade estadual, assim pude realizar o sonho de ter um fio dotô!

- Aaah, não há de quê meu pôôôôôvo... Isso é para o povo do Piiiiiiiiauí!

Universidade: termo que infelizmente muitos governos estaduais fizeram o favor de diminuí-lo, ao ponto de, nem mesmo as pessoas que a fazem, saberem qual o real significado da palavra (refiro-me à etimologia).

A universidade deveria ser um meio muito mais fértil... Nessa fase da vida, as ideias nas cabeças dos universitários fervilham, borbulham nervosamente a procura de respostas para suas perguntas, fruto de suas mirabolantes hipóteses. Sei bem como é, um dia fui um deles que sonhava em mudar o mundo com um projeto de pesquisa.

No meu humilde ponto de vista, deveria haver mais discussões a respeito dos principais problemas por ela enfrentados, com um mínimo de passionalidade. A paixão é de fato muito boa. Mas exacerbadamente pode ser muito perigosa e atrapalha, sobretudo na concepção de soluções práticas. Universidade não é time de futebol e nem vai participar de concurso miss sei lá o quê. Universidade deveria ser lugar de gente pensante. Assim, ela é mais que isso: é o reflexo da sociedade que atende.

Entrar na universidade, só por entrar, é algo que atende às expectativas da sociedade que a banca?

Então, se o governo quer que suas marionetes ajam assim, que seja! Só há uma coisa para ser atentada: ser marionete tem um preço muito alto. O preço da continuidade do status dos grupos que detêm o poder; o preço do não investimento em educação; o preço da barganha e do “faz-me o favor!” da qual o povo infelizmente está acostumado e condicionado. O preço da não mudança de realidade, assegurando-nos uma triste posição no ranking das “n” desigualdades sociais. Parabéns por contribuir com essas pequenas coisinhas.
Mudança se faz é com revolução, com quebra de paradigmas. Como diz um grande amigo florianense que foi embora para o Distrito Federal “em algumas situações, nada de imitar seja lá quem for. Temos de ser nós mesmos (...) puxar a fila, não segui-la”.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sertanejo


Uai bichim! Dizia uns mineirin
Enquanto os bichos, lá fora, afônicos gorjeavam
Entre os carros, a pista, as pernas... E viajavam...
Eram os mais bunitos, exímios voadores passarinhos.

Enquanto isso, bem no ladecá
Um outro bucado diziam “oxi mulé!”
“Eu lutei dimais pr’essa ponte atravessá!”
Sim, essa mesma ponte onde muitos hão de passar...

Ah eu vou sim te falar do que mais vi.
Por essas bandas, altas paisagens
E tons de branco-cinzas foi o que mais senti.
Explosão de vida em gotas só de passagem.

Vi também rio morto de morte matada.
Vi homens quase mortos por opção.
Vejo céu limpo e azul com sua passarada
Voando bem alto no ar desse meu sertão.


 
Os bichos vão e vem, não usam fronteiras.
Mesmo que uma Serra lhes diga não,
Mesmo que a vida ande no abismo, bem na beirinha.
Esse é o nosso lar: esse é nosso torrão.