Eis um dos motivos pelo
qual não tenho/sigo religião nenhuma: acreditar em algumas pessoas é algo impossível. Ah, mas
isso (mentir, falar verdades...) é da natureza humana, relaxe homi! “Somos
brasileiros, tiramos de letra e não desistimos nunca”, já diz o jargão popular.
Assim e tranquilamente, tenho vivido após passar por algumas fases de minha
curta existência... Mais ouvindo que falando, tenho aprendido algumas coisas interessantes
em relação às regras sociais e às pessoas que convivo.
Entendendo a vida como
fases, sempre tento fazer uma análise das diversas situações que se apresentam,
com vistas a tornar-me uma pessoa mais útil, para mim e para as outras pessoas.
Mas, interessante mesmo é notar que no mundo, onde existem atualmente cerca de
7 bilhões de pessoas, todas, sem tirar nem pôr, dispensam um relativo tempo
para entender certos aspectos que permeiam a sua vida e a dos outros. É da
natureza de cada um. Cada um no seu tempo.
Chocante não é mesmo? Em
certo nível, se torna até contraditório perceber milhares de pessoas com mesma
faixa etária falando línguas tão diferentes (diria gritantes), embora vivam no
mesmo lugar, tenham os mesmos anseios e idioma de origem. Freqüentemente me
vejo surpreendido com situações assim. Outro dia fui pego por uma dessas, onde
as pessoas de um mesmo círculo social destoaram “pra muito mais de metro”.
Tinha um quê de ditadura, algo muito difícil de engolir.
É, pois é. Estou
falando sim da Uespi. Nessa situação específica, achei bastante curioso como as
pessoas acreditam em outras sem ao menos terem algo de concreto, palpável... Ou
mesmo uma espécie de aparato anti-ideológico que fosse. Acredita-se pelo
simples fato de acreditar, justificando o injustificável. Servem literalmente de
marionete para um sistema que tem se mostrado indiferente com ela mesma. Não
fazem a mínima idéia do quanto eles seriam fortes se fossem unidos.
Vi, nesses dias, num
canal de televisão local uma pessoa que representava a classe estudantil dessa
instituição. Ela dava uma espécie de recado do governador para a população em
relação às reformas emergenciais da Uespi: “Ele disse que (...) e que faria
(...)”. Promessas e mais promessas. Me perguntei se as pessoas não cansam de
ouvir tantas promessas. Quanta bulhufas. Tolice, quanta tolice. E pensar que a
universidade é o lugar de formação de cidadãos pensantes. Quanta tolice minha.
Pior mesmo é lembrar
que muito provavelmente os “cidadãos pensantes” oriundos de universidades como
essa vão futuramente ser os tomadores de decisão. Decisões essas que afetarão
diretamente toda uma população. Decisões estas que serão difíceis de engolir,
assim como as contradições de agora. Mas o povo vai ter que me engolir! À seco, com areia grossa, com brita ou seja lá o que
for...
Para ser mais claro
ainda: a comunidade acadêmica da Uespi de Picos está esperando acontecer uma
tragédia para enfim cruzarem os braços por melhorias, pelo menos dignas para esse
povo. Isso não é nenhum drama. Tanto não é que foi ventilado nesses últimos
dias pelo conselho universitário em Teresina que a instituição não tem dinheiro
nem mesmo para bancar o vestibular.
Será preciso alguém
morrer carbonizado ou por desabamento da estrutura. Quem sabe assim, comprem então
um novo caixão – aquele modelo Uespi – que os próprios estudantes levaram para
a porta da instituição. Será preciso um novo velório, desta vez para ambas as
partes. Quem sabe um velório coletivo.
Universidade: termo
bonito não é? Universidaaaaaaaade!... Nome pomposo. Ora, quem não quer ser
“dotor”? Lembrei-me agora do ex-governador Mão Santa, que tinha orgulho quando
uma mãe ou pai de família de cidades do interior do Estado diziam para ele:
- Senhor Governador,
muito obrigado por ter nos trazido a universidade estadual, assim pude realizar
o sonho de ter um fio dotô!
- Aaah, não há de quê
meu pôôôôôvo... Isso é para o povo do Piiiiiiiiauí!
Universidade: termo que
infelizmente muitos governos estaduais fizeram o favor de diminuí-lo, ao ponto
de, nem mesmo as pessoas que a fazem, saberem qual o real significado da
palavra (refiro-me à etimologia).
A universidade deveria
ser um meio muito mais fértil... Nessa fase da vida, as ideias nas cabeças dos
universitários fervilham, borbulham nervosamente a procura de respostas para
suas perguntas, fruto de suas mirabolantes hipóteses. Sei bem como é, um dia
fui um deles que sonhava em mudar o mundo com um projeto de pesquisa.
No meu humilde ponto de
vista, deveria haver mais discussões a respeito dos principais problemas por
ela enfrentados, com um mínimo de passionalidade. A paixão é de fato muito boa.
Mas exacerbadamente pode ser muito perigosa e atrapalha, sobretudo na concepção
de soluções práticas. Universidade não é time de futebol e nem vai participar
de concurso miss sei lá o quê. Universidade deveria ser lugar de gente
pensante. Assim, ela é mais que isso: é o reflexo da sociedade que atende.
Entrar na universidade,
só por entrar, é algo que atende às expectativas da sociedade que a banca?
Então, se o governo
quer que suas marionetes ajam assim, que seja! Só há uma coisa para ser
atentada: ser marionete tem um preço muito alto. O preço da continuidade do
status dos grupos que detêm o poder; o preço do não investimento em educação; o
preço da barganha e do “faz-me o favor!” da qual o povo infelizmente está
acostumado e condicionado. O preço da não mudança de realidade, assegurando-nos
uma triste posição no ranking das “n” desigualdades sociais. Parabéns por
contribuir com essas pequenas coisinhas.
Mudança se faz é com revolução, com quebra de
paradigmas. Como diz um grande amigo florianense que foi embora para o Distrito
Federal “em algumas situações, nada de imitar seja lá quem for. Temos de ser
nós mesmos (...) puxar a fila, não segui-la”.