segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Mais uma de lua.

Ontem eu olhei pra lua
e estava cego, mas tão cego
que enxergava ela no reflexo.
Era outra lua a me vigiar na rua...

E hoje estou cego, mas tão cego
que ao olhar pra lua, na rua,
ao invés de uma, vejo duas.
Talvez nem seja nada já que estou cego...

Quem me dera ser astronauta.
Pra usar todo o espaço, sem pausa
pra me apequenar em outra pausa
de um retrato infinito e despausado

Quem me dera voar numa espaçonave.
Gravitar sem culpa, desfrutar da uva
que é viver a contemplar o todo.
Viver pra sempre mudando o tom.

Loucura é viver sem loucura...
Sem deliciar o doce da fruta,
sem remar nesse mar amargo de candura.
É viver sem um rio de ternura.

A mesma lua se desfarça...
Quando ela se mostra aqui
pode estar escondida aí, pra ti...
Nunca reflete o que ha aqui, dentro de mim.

E dentre tantos devaneios,
eu que nunca receio,
tive medo de amar.
É como aprender a soletrar...

E agora a lua iluminou o rio,
o meu rio de diamantes
que hoje está por um fio.
Sim, ele é hoje o meu desafio.


Hoje eu brigo por (e com) ele,
pra escorrer direito em meu peito,
pra mostrar de fato pra quê veio.
Pra sentir bem fundo, bem no seio...

E por fim, a lua ainda me encara:
formando dragões no céu,
entre o meu vinho e o véu,
na certeza de uma luz que, sim, se acaba.

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