Ah meu fígado... Tadinho... deve tá suplicando por umas férias (não se preocupe meu nobre órgão, você terá!). Férias merecidas, não pelo álcool que você degrada constantemente, mas por outras crueldades que tu vens sofrendo diariamente. Sei que tu não és o órgão que degrada biscatisses e marmotagens dos meus pares, mais sei que tu és quem agüenta tanta chafurdagem da grossa deles...
Pior que ressaca de álcool, de uma noite bem bebida, deve ser a ressaca moral e incontrolável após dois minutos de degradante humilhação pelos quais algumas pessoas se submetem. Isso: se submetem. E em Floriano a escrotisse chega ao ápice em situações onde o carnaval é a tônica da batida.
Em muitas situações, cheguei a pensar que nasci na época errada, no lugar errado, enfim, que me sentia um peixe fora d’água. Mais hoje não. Entendo que as coisas acontecem quando têm que acontecer. Chega de dizer que as pessoas estão erradas, que minha cidade tem a pior qualidade de vida... Chega de dizer que o jardim do vizinho tem a grama mais verde que o meu.
As pessoas têm o que merece. Parece maluquice, que construo frases desconexas (pode até ser...) que as coisas são como não deveriam ser. Que sejam. Estou pouco me lixando pra isso e outras coisas mais. Mas, pior que o BBB, que tantos reality shows, é ver a degradante, porém cultural forma como o carnaval é tratado no Piauí. Cultura que, aliás, é uma mera cópia do que provavelmente acontece na Bahia. Ridículo.
E foi por isso que deixei ha precisamente 11 anos, de “brincar” essa festa “popular” por aqui como a grande maioria das pessoas que conheço faz. O carnaval aqui deixou de ser um culto à alegria, ao humor e bom senso, pra ser mais uma festa da corrupção, da política do pão e circo que impera no país.
O título de “melhor carnaval do Piauí” foi entoado aos quatro ventos, ainda nos anos noventa. Entretanto ainda me pergunto: o que é mesmo esse melhor? É ver garotas rebolando pra disputar título de miss “furacão”, “caravela”, “me acha” e outras bizarrices que inventaram pra alienar ainda mais esse povo que não tem educação? É ver o prefeito roubar descaradamente fortunas pra bancar a sua festa particular de carnaval?
Nem tudo é ruim, concordo. Mas o pior de tudo isso é que muitas pessoas aceitam absolutamente tudo isso de cabeça baixa, feito jumento no açoite. Engolem sopa de brita grossa e ainda lambem os beiços. Ontem, Floriano me deu mais algumas provas de que devo me afastar daqui, pelo menos por um bom tempo. O ruim atrai o ruim. E eu, sempre pretendi ser uma pessoa melhor, a cada dia. Pretendo continuar assim, aberto às novas coisas simples, cultivando a boa conversa, a boa música e aprendendo com meus pares.
Ontem, Floriano me deu mais uma prova da futilidade do seu povo. Apesar de ser nativo, me sinto um forasteiro que não entende a língua falada por essas bandas. Sinto-me roubado por não ter meus direitos básicos respeitados. Ontem, Floriano me mostrou mais uma vez que vive somente de política do pão e circo e de carnaval. Que pena.
Posso ser só mais um grosso, arrogante e prepotente, que fala o que quer na internet. No entanto, tenho o agradável costume de ouvir as pessoas. Nisso, a minha mãe soube me educar. E modéstia parte, muito bem.