domingo, 29 de janeiro de 2012

Aos carnaubais


No meu rincão a vida é plena e linda:
A chuva a seca, o litoral o sertão...
As árvores, os pés de flamboyant...
As minhas origens, que nunca renegam seu chão.

Lindas mesmo são as carnaúbas
Postes finos, altos, copa viçosa...
Tem a vista mais doce que o mel de tiúba:
Mais viçante que ave fogosa.

Lá vem a cheia! Corre pro alto...
Só da pra ver os postes viçosos!
Palhas verdes, cerídeo alvo...

Já foi se embora! Vamo voltá!
E da lama que fica, recomeça-se a vida...
Aduba a alma, fonte primeira de minha origem.

Peixes do Parnaíba (3)



Pseudoplatystoma cf. fasciatum (Linnaeus, 1766)

Nome popular: surubim

Possui distribuição geográfica nas bacias dos rios Amazonas, Paraná, Paraguai, Uruguai e provavelmente São Francisco e Parnaíba. Essa dúvida concerne com a ocorrência de uma espécie congênere, P. corruscans que apresenta a conformação das manchas negras no flanco um pouco diferente, com manchas mais arredondadas.

A dúvida recai sobre a identidade dos exemplares do rio Parnaíba por causa da numerosa quantidade de barras negras sobre o flanco, ao passo que seus congêneres possuem poucas delas. No entanto, eles em nada diferem de P. fasciatum quanto à morfologia do corpo, principalmente do crânio. Esta espécie se diferencia do outro congênere (P. tigrinum) por não apresentar um estreitamento na região mediana do crânio e por apresentar as barras negras do flanco mais estreitas, intercaladas com riscos brancos (pouco observados nos exemplares do Parnaíba).

As espécies de Pseudoplatystoma são piscívoras, e na Amazônia P. fasciatum apresenta tendência a consumir uma maior quantidade de peixes com escamas. Na bacia do Parnaíba, esta espécie se configura como uma das espécies de bagres mais importantes na pesca comercial. Por isso, um minuncioso trabalho sobre os diversos aspectos dessa população deve ser iniciado em caráter de urgência.

A reprodução acontece somente uma vez por ano, no período de enchente. Geralmente as espécies de bagres migram rio acima para desovar em regiões de cabeceira ou em lagoas marginais que são formadas nesse período.

Na região de Floriano-PI, essa espécie é bastante apreciada na culinária e tem alto valor de venda agregado. Geralmente ele é preparado ao molho de leite de côco, uma espécie de moqueca regional.

Crédito das imagens: Chico Mário

Referências:

Buckup, P.A.; Menezes, N.A.; Ghazzi, M.S. 2007. Catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil. MNRJ, Rio de Janeiro, RJ.

Ferreira, E.J.G; Zuanon, J.A.S.; Santos, G.M. 1998. Peixes comerciais do médio Amazonas, região de Santarém, Pará. Ibama, Brasília, DF.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Peixes do Parnaíba (2)


Pimelodus blochii Valenciennes in Cuvier & Valenciennes, 1840

Nome popular: mandi
Espécie de pequeno porte, com cerca de 20 cm de comprimento; muito comum e abundante, esta espécie ocorre também na bacia Amazônica, sendo bastante apreciada pelos pescadores e população em geral.
Como características diagnósticas, destaca-se especialmente a nadadeira adiposa, mais alta e de contorno anguloso, o que a diferencia de Pimelodus altipinnis. Possui espinhos peitorais e dorsais muito fortes, que podem causar ferimentos graves em pessoas que não o manuseiam com o devido cuidado.
Espécie onívora e alimenta-se de invetebrados, frutos, pequenos peixes e musculos de animais mais complexos. Assim como na Amazônia, esse peixe se reproduz no período da enchente, que ocorre no Parnaíba uma vez por ano.
Segundo Feitosa & Lima (no prelo), esta espécie é bastante apreciada pelos ribeirinhos do rio Parnaíba, sendo consumida principalmente em espécies de caldeiradas (peixe ao molho), geralmente feitas com peixes sem escamas, que lá são chamados de "peixes de couro).

Referências:

Buckup, P.A.; Menezes, N.A.; Ghazzi, M.S. 2007.  Catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil. MNRJ, Rio de Janeiro, RJ.

Ferreira, E.J.G; Zuanon, J.A.S.; Santos, G.M. 1998. Peixes comerciais do médio Amazonas, região de Santarém, Pará. Ibama, Brasília, DF.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Peixes do Parnaíba


Nome científico: Triportheus signatus (Garman, 1890)

Nome vulgar: sardinha

Espécie da Ordem Characiformes, com abundancia relativamente alta na bacia do rio Parnaíba. Possui médio porte, alcançando cerca de 25 cm de comprimento. Bastante apreciada na culinária local, servido geralmente frito no óleo de soja ou de babaçu, porém algumas pessoas evitam se alimentar desse peixe por considerá-lo "carregado". Segundo populares, a sardinha pode agravar algumas infermidades após seu consumo (Feitosa & Lima, no prelo).

O exemplar acima foi coletado em área de pedral na localidade Regata em Floriano, Piauí. Baseado em observações naturais, Triportheus signatus é uma espécie bastante ativa, nadando em áreas onde a correnteza é mais forte no rio. Certamente esse biótopo é muito importante para a sardinha, pois deve garantir o suprimento alimentar que é carreado pela correnteza. Para coletar esse exemplar, foi utilizado anzol, linha e vara e a isca foi uma massa feita de mistura de farinha de milho e goma de tapioca, conhecida pelos ribeirinhos e pescadores como "grude".

Regata, rio Parnaíba em Floriano, Piauí.

Crédito das imagens: Chico Mário

Referência:
Buckup et al., 2007. Catálogo das espécies de peixe de água doce do Brasil. MNRJ, Rio de Janeiro.

Peixe fora d'água


Ah meu fígado... Tadinho... deve tá suplicando por umas férias (não se preocupe meu nobre órgão, você terá!). Férias merecidas, não pelo álcool que você degrada constantemente, mas por outras crueldades que tu vens sofrendo diariamente. Sei que tu não és o órgão que degrada biscatisses e marmotagens dos meus pares, mais sei que tu és quem agüenta tanta chafurdagem da grossa deles...
Pior que ressaca de álcool, de uma noite bem bebida, deve ser a ressaca moral e incontrolável após dois minutos de degradante humilhação pelos quais algumas pessoas se submetem. Isso: se submetem. E em Floriano a escrotisse chega ao ápice em situações onde o carnaval é a tônica da batida.
Em muitas situações, cheguei a pensar que nasci na época errada, no lugar errado, enfim, que me sentia um peixe fora d’água. Mais hoje não. Entendo que as coisas acontecem quando têm que acontecer. Chega de dizer que as pessoas estão erradas, que minha cidade tem a pior qualidade de vida... Chega de dizer que o jardim do vizinho tem a grama mais verde que o meu.
As pessoas têm o que merece. Parece maluquice, que construo frases desconexas (pode até ser...) que as coisas são como não deveriam ser. Que sejam. Estou pouco me lixando pra isso e outras coisas mais. Mas, pior que o BBB, que tantos reality shows, é ver a degradante, porém cultural forma como o carnaval é tratado no Piauí. Cultura que, aliás, é uma mera cópia do que provavelmente acontece na Bahia. Ridículo.
E foi por isso que deixei ha precisamente 11 anos, de “brincar” essa festa “popular” por aqui como a grande maioria das pessoas que conheço faz. O carnaval aqui deixou de ser um culto à alegria, ao humor e bom senso, pra ser mais uma festa da corrupção, da política do pão e circo que impera no país.
O título de “melhor carnaval do Piauí” foi entoado aos quatro ventos, ainda nos anos noventa. Entretanto ainda me pergunto: o que é mesmo esse melhor? É ver garotas rebolando pra disputar título de miss “furacão”, “caravela”, “me acha” e outras bizarrices que inventaram pra alienar ainda mais esse povo que não tem educação? É ver o prefeito roubar descaradamente fortunas pra bancar a sua festa particular de carnaval?
Nem tudo é ruim, concordo. Mas o pior de tudo isso é que muitas pessoas aceitam absolutamente tudo isso de cabeça baixa, feito jumento no açoite. Engolem sopa de brita grossa e ainda lambem os beiços. Ontem, Floriano me deu mais algumas provas de que devo me afastar daqui, pelo menos por um bom tempo. O ruim atrai o ruim. E eu, sempre pretendi ser uma pessoa melhor, a cada dia. Pretendo continuar assim, aberto às novas coisas simples, cultivando a boa conversa, a boa música e aprendendo com meus pares.
Ontem, Floriano me deu mais uma prova da futilidade do seu povo. Apesar de ser nativo, me sinto um forasteiro que não entende a língua falada por essas bandas. Sinto-me roubado por não ter meus direitos básicos respeitados. Ontem, Floriano me mostrou mais uma vez que vive somente de política do pão e circo e de carnaval. Que pena.
Posso ser só mais um grosso, arrogante e prepotente, que fala o que quer na internet. No entanto, tenho o agradável costume de ouvir as pessoas. Nisso, a minha mãe soube me educar. E modéstia parte, muito bem.