No céu azul-anil
que vejo, me perco em meus pensamentos...
Vejo folhas
caindo ao vento, soprando leve sobre mim.
Olho ao
fundo e vejo cercas, muros altos que me isolam;
olho dentro
e vejo tudo, chuva e sol que me transborda.
O meu
hábitat é claro, mas vejo noite caindo;
e eu tento,
com meu vinho, esquecer tudo de mim.
Quem sabe
assim eu me deleite no novo,
num novo
formato que aqueça o meu sonho.
Agora o
truvo se apodera... E o vento? Ah! Esse nem me espera.
Bate em mim,
tão viciante, tão balançante
Que só me
vejo flutuar. Tão bêbado, tão embriagante
que suspiro
a me afagar. Eu vivo sim e isso me regenera.
O tranquilo
aqui impera... De noite o som do grilo,
de manhã ave
na janela. Ao longe a saracura,
que dos
três-potes, só de um a água cura.
E assim me
aquieto, não vejo nem ouço mais impecilhos.
Os meus
sonhos enfim mudaram, quem sabe pra melhor...
Um dia eu
vejo as nuvens, n’outro o seu criador.
E de noite,
sem mais horrores, vejo a lua em esplendor;
e eu que sou
a criatura, vi nascer a formosura, esse tal bunito amor...
Ontem eu saí
a passear... Num desses barcos azul-metal
e senti a
mesma brisa, vi meu rosto suspirar.
O anil se
fez barreado, o nadante a levitar
e no final fiz
minha mente, fiz o meu motor roncar.
E por fim, a
noite se refez sem o brilho do luar:
foi ele minha
lanterna, o meu truque, minhas pernas, que usei para viver.
Ele foi o
meu desejo, o meu delírio de prazer...
E é nele o
meu vinho, és o fio a me tecer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário