Parece que mais notícias sobre “seca”
continuarão a ser veiculadas, penso eu que de maneira infinita. O problema que
hoje os paulistanos sofrem com o Sistema Cantareira – no abastecimento de água
– me lembra de maneira muito forte o quanto a política é podre no Brasil. E hoje,
após fazer minha leitura diária de notícias, tive mais certeza de que o “buraco
é muito mais embaixo” e que esse problema só reflete um estado de coisas
acontecendo.
Muitos são os pontos de vistas, diversos
especialistas foram ouvidos, mas numa coisa todos concordam: problemas como
esse podem respingar no próximo pleito eleitoral. E a coisa mais engraçada?
Temos problema no abastecimento d’água, que no caso de São Paulo é de
responsabilidade de um grupo político, e no fornecimento de energia elétrica,
de responsabilidade de outro grupo, que por acaso é oposição daquele.
O que vai acontecer então? Diriam os
“políticos” mais radicais e recalcados que tudo isso vai dar em pizza. Mais,
penso eu, que o circo vai pegar fogo e já consigo até imaginar o picadeiro em
brasas: de um lado, imagens de um governante sendo molhado com água suja de uma
recente obra e do outro os raios de uma “deusa do tempo” caindo sobre as redes
de transmissão e causando apagões de um dia inteiro. É, talvez pense em cobrar
direitos autorais de publicidade.
Parece que não vai chover... E pensar
que isso era uma preocupação frequente de nordestinos. Sim, daqueles que
plantam anualmente uma pequena rocinha de arroz, feijão e milho, para suprir as
necessidades básicas de suas famílias. Gozado não? Será que algo será feito
para resolver o problema que ora São Paulo enfrenta?
Especialistas ouvidos por um determinado
jornal (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/03/1421898-para-especialistas-sp-ja-deveria-adotar-racionamento-leve.shtml) sugerem um
“racionamento leve” e que o remanejamento de água de outros reservatórios é
insustentável a longo prazo. Pensar num “plano b” nesse caso me faz pensar o
quanto ainda somos incapazes de resolver problemas práticos do dia-a-dia de
maneira mais holística.
Através de uma pequena pesquisa para
esse caso consegui enxergar o gigantesco gasto de tempo e dinheiro que se tem
com o empréstimo de água dos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga. Assim, uma
pergunta não me quer calar: onde e como serão buscadas alternativas para mais de
10 milhões de habitantes caso o sistema entrar em colapso?
O fato de que toda essa estratégia
montada pelo governo seja talvez a única alternativa viável para o momento,
pode soar para alguns leitores, um erro de análise de minha parte. Para estes,
lembro que outras alternativas a longo prazo podem ser viáveis mesmo sendo São
Paulo uma selva de pedras. Uma cidade que não preza, por exemplo, pelo
tratamento do esgoto por ela produzido não pode pensar em alternativas que
somente “suguem” os recursos naturais.
Uma resolução para o problema passaria
necessariamente pela recuperação de ambientes que antigamente eram fornecedores
de água e que ainda não se encontram sob o solo impermeabilizado da selva de
pedra. Outro ponto seria dar uma destinação adequada para o esgoto produzido e
não somente lança-los no córrego mais próximo, transformando-o em esgoto (ou
seja, mais um problema a ser resolvido). Por último, e penso eu mais que
importante, que seja de fato implementada uma educação que tenha por meta a
resolução de problemas de uma forma mais humana.
em 07/03/2014
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