Mais um da disciplina Métodos e organização de trabalhos científicos.
Quando se fala na construção de
barragens nos grandes rios para geração de energia elétrica, logo nos vem à
mente o grande “fusuê” que foi a instalação do canteiro de obras de Belo Monte,
no Pará. Sem nenhuma dúvida, esse empreendimento trouxe a proposta mais
confusa e descabida para desafogar o
setor energético brasileiro.
Como se não bastasse, outras tantas
monstruosidades estão sendo propostas no Norte e Nordeste do país. As
corredeiras do Teles Pires, por exemplo, (um dos principais afluentes do
grandioso rio Tapajós) já estão na mira do governo que não está se preocupando
muito com tudo que o cerca: a caça e a pesca por povos nativos e principalmente
a mudança que a construção de uma grande obra trará (para pior) na região.
Esses dois casos que citei funcionam
somente como o início do problema, infelizmente. Eles demonstram a fragilidade
que o povo brasileiro tem (através dos seus representantes) quanto à decisões
importantes e que mexe com a vida de milhares (talvez milhões) de pessoas. Por
isso, empreendimentos sem retorno, como a hidrelétrica de Balbina, no Estado do
Amazonas, continuam a ser pensadas diunturnamente.
Então passemos para o Nordeste. O grande
lance aqui é o rio Parnaíba, com seus 1.400km de extensão das nascentes ao seu
maravilhoso delta. Não é um grande rio comparado com tantos outros, mas é
imponente e com uma vazão interessante para a geração de energia hidroelétrica.
Talvez seja por isso que bem no início desse século o governo planejou fazer
nele cinco usinas. Uma cascata de barramentos seria providenciada o quanto
antes para somar com a já existente e que ainda nem foi terminada (construída na década de 60).
Lembrando que a água tem um caráter
renovável, duvido muito que tais empreendimentos sejam renováveis. Sim, pois se
alteramos a dinâmica natural desse ecossistema que tem como principal
substância a água, não sei (ninguém sabe) até quando essa proposta
governamental é viável, econômica e ambientalmente.
Talvez outras maneiras de geração da
energia elétrica sejam mais interessantes: não é difícil perceber que as
regiões Norte e Nordeste estão localizadas bem na linha do Equador, onde
sabidamente incidem a maior quantidade de radiação solar. Então, se gastam rios
de dinheiro para construir uma hidrelétrica: porquê não investir parte desse
montante em equipamentos para captação da energia solar?
Outra maneira interessante e que
timidamente vem ganhando espaço no litoral nordestino é aproveitando a energia
dos ventos. Em inúmeros municípios potiguares, por exemplo, empresas estão se
instalando para fabricar e comercializar aqueles “grandes cataventos”. Por
isso, penso que muito em breve outras maneiras de gerar energia, como essa,
ganharão espaço e serão amplamente utilizadas para o dia-a-dia do brasileiro.
A partir desse
cenário, enxergo que a cultura das hidrelétricas no Brasil pode estar com os
dias contados, ao passo que outros mecanismos ganhariam espaço no mercado,
barateando produtos pela leal concorrência. Se lembrarmos o quanto já foi caro
possuir uma placa fotovoltaica, poderemos vislumbrar um futuro bastante
promissor e que, sem dúvida, nos demandará muitas indas e vindas através das
nossas experiências. Sou mais um do time que torce e trabalha por mudanças de
atitudes que nos façam ter dias melhores enquanto estivermos por aqui pela Terra.
Em 15/04/2014