sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O gramado do Dr. versus A poeira do Comunitário



É fácil julgar quando se está com as armas nas mãos. “Em terra de cego, quem tem um olho é rei”, já diz o velho e enfadonho clichê donde saber aproveitar qualquer que seja a situação é a lei. Muitos acham que a Amazônia é uma terra sem lei, creio que por conta de sua vastidão. Essa terra possui leis naturais que a regem e dão a esse lugar um tom “fantasmagórico” ou algo do tipo?

O que se tem, de fato, são covas bem rasas unidas à dor da floresta. Sim, antes mesmo dos rios agonizarem a terra firme já sofria a penas duas o cajado pesado do europeu. Para quê salvar a Amazônia? Essa é uma pergunta que não me quer calar.

Uma opção seria redentorista: a Amazônia como pulmão do mundo, seria uma espécie de “termômetro” que nos alertaria quando o nosso mundo estiver por um fio, ou quando já estivesse liquidado.

Uma outra humanista: o mundo, com os olhos todos voltados pra cá, vê com muita aflição o sofrimento dos comunitários e num ato humanitário estenderia a mão, auxiliando-os no que fosse preciso para assim melhorar a qualidade de vida.

Nenhuma coisa nem outra. A resposta dessa pergunta eu deixo a você caro leitor. Eu arriscaria dizer que o capitalismo sim tem muito a ver com isso. Não como um instrumento especifico para tudo quanto acontece por aqui, mas como assoalho perverso que destrói aos poucos o otimismo daqueles que ainda acreditam num mundo melhor.

O que é arrancar um pé de “cardeiro” ou uma “ibiurana” pra você? Pode não significar nada (ou uma meia dúzia de resmas de papel), mas para muitos comunitários pode ser bem mais que comida na mesa pra sua família. Capitalismo misturado com burrocracia barata de alguns doutores não aliviam a dor do lutador homem do campo amazoniano. Pelo contrário, promovem mais dor e manutenção do Status quo que nosso país teima em manter a todo custo, apesar de toda política pública que ai está para ser seguida.

Muitos “Chicos Mendes” já padeceram por essas bandas de cá tentando ajustar os parafusos para o nosso mundo melhorar. Sim porque se não conseguimos melhorar o nosso mundo, como ajudaremos o mundo todo ser bem melhor para se viver? Depois de ver tanto dinheiro jogado pelo ralo, como acreditar que esse país é a nação do futuro? O futuro é promissor: o Big Bang estará prestes a retroceder?

Como biólogo vejo uma situação muito delicada entre todas as partes envolvidas na questão da preservação da floresta Amazônica. Como sempre, existem várias partes, que são interessadas por coisas bastantes diferentes num dado contexto, chego a dizer que são diferenças gritantes. Posso sim estar sendo muito pessimista, mas é sempre interessante vermos o tipo de jogo que cada lado da trama tece sobre o tablado. O gramado verde e úmido do doutor contrasta com a poeira e o pó encontrados no terreiro dos comunitários. O que vale mesmo é o cabo-de-guerra travado entre as partes. E digo mais: não sei até quando a ética e o pouco bom-senso desse cabo resistirá.

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