terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Que seca?

Mapa da fitogeografia do Brasil. Mais parece uma "colcha de retalhos"


Está estampada hoje, no sitio da internet http://www.noticiasdefloriano.com.br/ mais uma noticia sobre a seca que todo ano acontece no sertão nordestino. Todos os anos também, desde que me entendo por gente, existe época pra se falar nisso: toda vez que as chuvas vão embora.


Não sou nenhum especialista em história natural, mas o que se comenta com bastante ênfase no meio acadêmico das ciências biológicas, fundamentado em extensa literatura, é que a vida, nas diversas formas que se apresentam, comunga de uma característica interessante para discutirmos nessa pauta: a Adaptação. Eu particularmente não acho a seca em si algo que seja um “Castigo de Deus” ou outra coisa do tipo que assim as pessoas colocam.

Levando em consideração que a Terra passou por diversos períodos de glaciação, seguido de aumento da temperatura, a de se considerar que as condições por aqui não favoreceram muito algumas formas de vida até então existentes. Parece que em épocas remotas da história da Terra não havia um “condicionador de ar” para aliviar as coisas. Então, as que não sucumbiram foram as “mais fortes” e resistentes (lembrar da Teoria da Seleção Natural, de Charles Darwin), deixando seus descendentes com amparo genético suficiente para suportar tais adversidades.

Outra teoria que pode muito bem ser aqui registrada é a do Refúgio, que tem como defensores grandes nomes como Azziz Ab’Sáber, Jürgen Haffer e Paulo Emílio Vanzollini. Estes últimos descobriram convergentemente, estágios de ciclos transitórios causados por perturbação do ambiente, estudando aves e lagartos, respectivamente, aqui na América Tropical.

Trocando em miúdos, isso quer dizer que, certamente, o que hoje é o sertão nordestino, seco, árido e aparentemente sem tanta vida nessa época, antigamente era uma floresta exuberante, assim como hoje é a Amazônica e a Mata Atlântica. Algumas pessoas falam em conversas informais, que toda essa região um dia foi um bioma único (p.e. Amazônico). E nem é tão difícil de imaginar se nos lembrarmos que a Caatinga e o Cerrado estão entre aqueles dois ecossistemas. Todas as evidências levam para essa interpretação e assim creio que temos grandes possibilidades de entendermos como as diferentes formas de vida da nossa região conseguiram se adaptar a essa mudança tão brusca, que nós seres humanos temos intensificado a cada dia.

E o que a biologia tem a ver com o ponto central da questão? Poderia muito bem alguém aqui indagar. É que hoje, eu respondo, inventaram o aparelho de ar condicionado. Assim, enquanto o homem do campo se adapta de todas as maneiras para suportar as adversidades do clima, o “representante do povo” tem ar frio em todos os cômodos da casa, inclusive o banheiro que é tido por todos como o canto mais frio e úmido da casa. Tem também chuveiro elétrico, que de tão frio que ficou o banheiro, precisa esquentar a água do chuveiro porque seu reservatório esfriou. A conta de tanto gasto? A natureza poderá responder com toda sua força e inclemência.

É isso ai, se adapte ou vire um político comum. É por isso que, em minha ótica, enquanto alguns homens de boa fé tentam (pelo menos...) encontrar medidas mitigadoras contra a seca, muitos porcos imundos se banham com o nosso dinheiro. É revoltante ver que todo ano as pessoas perdem tempo por uma coisa que pode ser resolvida com planejamento em longo prazo. Quero ver estampado no ano que vem a mesma notícia. Vai ficar aqui registrado.

Fonte: Haffer, J. 1992. Ciclos de tempo e indicadores de tempos na história da Amazônia. Estudo Avançados, 6(15).

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O gramado do Dr. versus A poeira do Comunitário



É fácil julgar quando se está com as armas nas mãos. “Em terra de cego, quem tem um olho é rei”, já diz o velho e enfadonho clichê donde saber aproveitar qualquer que seja a situação é a lei. Muitos acham que a Amazônia é uma terra sem lei, creio que por conta de sua vastidão. Essa terra possui leis naturais que a regem e dão a esse lugar um tom “fantasmagórico” ou algo do tipo?

O que se tem, de fato, são covas bem rasas unidas à dor da floresta. Sim, antes mesmo dos rios agonizarem a terra firme já sofria a penas duas o cajado pesado do europeu. Para quê salvar a Amazônia? Essa é uma pergunta que não me quer calar.

Uma opção seria redentorista: a Amazônia como pulmão do mundo, seria uma espécie de “termômetro” que nos alertaria quando o nosso mundo estiver por um fio, ou quando já estivesse liquidado.

Uma outra humanista: o mundo, com os olhos todos voltados pra cá, vê com muita aflição o sofrimento dos comunitários e num ato humanitário estenderia a mão, auxiliando-os no que fosse preciso para assim melhorar a qualidade de vida.

Nenhuma coisa nem outra. A resposta dessa pergunta eu deixo a você caro leitor. Eu arriscaria dizer que o capitalismo sim tem muito a ver com isso. Não como um instrumento especifico para tudo quanto acontece por aqui, mas como assoalho perverso que destrói aos poucos o otimismo daqueles que ainda acreditam num mundo melhor.

O que é arrancar um pé de “cardeiro” ou uma “ibiurana” pra você? Pode não significar nada (ou uma meia dúzia de resmas de papel), mas para muitos comunitários pode ser bem mais que comida na mesa pra sua família. Capitalismo misturado com burrocracia barata de alguns doutores não aliviam a dor do lutador homem do campo amazoniano. Pelo contrário, promovem mais dor e manutenção do Status quo que nosso país teima em manter a todo custo, apesar de toda política pública que ai está para ser seguida.

Muitos “Chicos Mendes” já padeceram por essas bandas de cá tentando ajustar os parafusos para o nosso mundo melhorar. Sim porque se não conseguimos melhorar o nosso mundo, como ajudaremos o mundo todo ser bem melhor para se viver? Depois de ver tanto dinheiro jogado pelo ralo, como acreditar que esse país é a nação do futuro? O futuro é promissor: o Big Bang estará prestes a retroceder?

Como biólogo vejo uma situação muito delicada entre todas as partes envolvidas na questão da preservação da floresta Amazônica. Como sempre, existem várias partes, que são interessadas por coisas bastantes diferentes num dado contexto, chego a dizer que são diferenças gritantes. Posso sim estar sendo muito pessimista, mas é sempre interessante vermos o tipo de jogo que cada lado da trama tece sobre o tablado. O gramado verde e úmido do doutor contrasta com a poeira e o pó encontrados no terreiro dos comunitários. O que vale mesmo é o cabo-de-guerra travado entre as partes. E digo mais: não sei até quando a ética e o pouco bom-senso desse cabo resistirá.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Bob vive



Hoje Robert Nesta Marley, mais conhecido como Bob Marley, faria 65 anos. O que se esperaria se ele (ou melhor dizendo, dele), considerado como um verdadeiro ícone da paz e do amor ao próximo, estivesse vivo? Seria algo a se refletir? Suas músicas influenciaram milhares de artistas e atualmente ele é lembrado e reverenciado do Japão ás Américas.


Mais informações a respeito de Bob, sua juventude, convicções políticas e religiosas, sua doença e discografia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Bob_Marley

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Paixão de Cristo, em Floriano, PI

Platéia assistindo o espetáculo em
Floriano: Organização impecável do grupo Escalet de Teatro


A Paixão de Cristo de Floriano chega a sua 15ª edição e será lançada no dia 25 de fevereiro, no Clube dos Diários, em Teresina. Com esta marca, o grupo Escândalo Legalizado de Teatro (Escalet) vive um grande momento e espera realizar o maior evento de todos os tempos. Neste ano, o Escalet espera receber um público estimado em 30.000 espectadores nas praças e no teatro Cidade Cenográfica. “Grandes acontecimentos estão previstos, como a inauguração de três novos cenários monumentais, efeitos especiais e a participação do ator de renome nacional, Marcos Pigossi, a ex-miss Piauí Priscila Karina e show musical com o artista Eros Biondini”, garante César Crispim, diretor do grupo.

Com o apoio do Ministério do Turismo, Coordenadoria de Comunicação Social do Piauí, Fundação Cultural do Piauí (Fundac), Grupo Jorge Batista o espetáculo conta ainda com a participação dos alunos da Escola de Artes Cênicas do Teatro Cidade Cenográfica.

Entre as novidades que o grupo prepara para o espetáculo, Crispim diz que estão sendo erguidos três novos cenários monumentais, com capacidade para 200 atores em cena. “Serão montados estandes para feira de artesanato local, praça de alimentação, sala vip, shows com cantores e bandas gospel”, explica Crispim.

Em 15 anos, Crispim diz que o evento-espetáculo Paixão de Cristo – 15 Anos de Tradição no Piauí acontece todos os anos no Teatro Cidade Cenográfica, espaço que possui 35.000 metros. O evento-espetáculo tem sido alvo de reportagens e documentários de órgãos de imprensa de todo o Brasil. Em 14 anos de apresentações, mais de meio milhão de pessoas já assistiram e aprovaram o evento, que possui 350 atores, 200 profissionais que formam as equipes de som, luz, restaurante, posto médico, segurança, contra-regra, guarda-roupa, administração e coordenação; 300 refletores são utilizados para iluminar os cenários e platéia, 25 caixas acústicas de som, 1.200 figurinos fazem parte do guarda-roupa.

O evento é realizado com a finalidade de comemorar a Páscoa, desenvolver a cultura local, potencializar o turismo na região e expor e divulgar produtos do Estado. Durante sua realização observa-se o crescente número de turistas na cidade, que se hospedam por longas estadas, frequentam lojas, teatros, bares, restaurantes, etc.

Hoje o evento possui a credibilidade de ser o maior na área do turismo sacro religioso do Estado do Piauí e um dos maiores do Brasil, realizado todos os anos com o apoio da Prefeitura de Floriano, Governo do Estado do Piauí, Ministérios do Turismo e Cultura. É uma importante fonte geradora de empregos para o Estado, uma pesquisa realizada pelos organizadores do evento, em 2009, mostrou que o evento gera 717 empregos diretos e indiretos, também na mesma pesquisa observou-se que a hotelaria da cidade opera com uma taxa média de ocupação de 75% durante o período.


Fonte: Izabel Cardoso, em: www.cabecadecuia.com Acesso em 05/02/2010

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O Autor da Natureza


Fonte da imagem: http://colunas.globorural.globo.com/bloggloborural/2010/02/03/jantar-que-nao-cai-bem/





A natureza é mesmo intrigante, fascinante eu diria. Sem fazer apologia, ela é o meu Deus



Composição: Zé Vicente da Paraíba / Passarinho do Norte / Bráulio Tavares


A natureza (...)

O que prende demais minha atenção
É um touro raivoso numa arena
Uma pulga do jeito que é pequena
Dominar a bravura do leão
Na picada ele muda a posição
Pra coçar-se depressa com certeza
Não se serve da unha nem da presa
Se levanta da cama e fica em pé
Tudo isso provando quanto é
Poderosa e suprema a natureza

A natureza (...)

Admiro demais o beija-flor
Que com medo da cobra inimiga
Só constrói o seu ninho na urtiga
Recebendo lição do Criador
Observo a coragem do condor
Que nos montes rochosos come presa
Urubu empregado na limpeza
Como é triste a vida do abutre
Quando encontra um morto é que se nutre
Quanto é grande e suprema a natureza

A natureza (...)

A abelha por Deus foi amestrada
Sem haver um processo bioquímico
Até hoje não houve nenhum químico
Pra fazer a ciência dizer nada
O buraco pequeno da entrada
Facilita a passagem com franqueza
Uma é sentinela de defesa
E as outras se espalham no vergel
Sem turbina e sem tacho fazem mel
Como é grande o poder da natureza

A natureza (...)

Não há pedra igualmente ao diamante
Nem metal tão querido quanto o ouro
Não existe tristeza como o choro
Nem reflexo igual ao de um brilhante
Nem comédia maior que a de Dante
Nem existe acusado sem defesa
Nem pecado maior que avareza
Nem altura igual ao firmamento
Nem veloz igualmente ao pensamento
Nem há grande igualmente à natureza

A natureza (...)

Tem um verso que fala da maconha
Que é uma erva que dá no meio do mato
Se fumada provoca o tal barato
A maior emoção que a gente sonha
A viagem às vezes é medonha
Dá suor dá vertigem dá fraqueza
Porém quase sempre é uma beleza
Eu por mim experimento todo dia
Se tivesse um agora eu bem queria
Pois a coisa é da santa natureza