terça-feira, 27 de abril de 2010

Maior aquífero do mundo



Lucy Rodrigues
Especial para A CRÍTICA

Além da maior biodiversidade, a maior floresta tropical úmida e o maior depósito mineral do planeta, a Amazônia deteria também o maior manancial de água subterrânea do mundo. A descoberta do aquífero Alter do Chão, localizado entre os estados do Pará, Amazonas e Amapá, foi anunciada há duas semanas por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA). Ela vale, no mundo de hoje, mais que a descoberta de um poço de petróleo.

Fizemos um cálculo com dados preeliminares e estimamos que a reserva de água mínima desse aquífero seja de cerca de 86 mil quilômetros cúbicos de água. O volume daria para abastecer toda a população mundial por 400 anos”, afirmou um dos coordenadores da pesquisa pela UFPA e doutor em geologia, Milton Matta.

Apesar de não ser tão extenso em termos de área, o novo aquífero Alter do Chão possui quase o dobro do volume do aquífero Guarani, localizado entre o sul do Brasil, Argentina e Uruguai, e, até então, considerado por vários pesquisadores o maior do mundo. “O Guarani tem o volume de calculado em torno de 45 mil quilômetros cúbicos de água, quase a metade do volume do Alter do Chão”.

A importância estratégica da nova descoberta para o País é enorme, segundo o coordenador da pesquisa. “Enquanto o Gurani fica em solo interfronteiriço, o que dificulta sua gestão, o aquífero de Alter do Chão está totalmente em solo brasileiro. Além disso, o primeiro tem uma vulnerabilidade ambiental maior, ou seja, pode ser mais facilmente contaminado devido ao seu conjunto de rochas vulcânicas fraturadas. O Alter do Chão está mais protegido por camadas de argila”.

O especialista afirma ainda que enquanto o Guarani possui águas mais profundas, o que exigem perfurações de poços acima de mil metros, no Alter do Chão a água está mais próxima, acima de 300 metros, tornando o processo de perfuração mais barato. “Imagine o benefício para um conjunto de cidades da Amazônia que hoje estão sendo abastecidas com água superficial, que é muito mais cara e também não tão límpida quanto a subterrânea”.

Pesquisa continua

Além do professor Milton Antonio Matta, a pesquisa é coordenada pelos professores Francisco Matos de Abreu, André Montenegro Duarte, Mário Ramos Ribeiro, da (UFPA), com a participação do professor Itabaraci Cavalcante (UFC). O estudo se encontra em sua fase preliminar e necessita ter continuidade, o que o grupo tenta viabilizar por meio de parcerias que estão sendo buscadas em diferentes instituições.

“Precisamos de financiamento para dar continuidade ao trabalho. Para o aquífero do Guarani, que já está bastante estudado, foram gastos US$ 30 mi. Queremos apenas US$ 5 mi para fazer o estudo completo de uma descoberta tão estratégica para o País e o mundo”, afirmou Matta.

O especialista critica a falta de investimentos para pesquisas no Norte do País. “Somos a região que mais tem o que se estudar, no entanto, quando elaboramos um projeto como esse e vamos captanear recursos, dizem que não é prioridade, pois o Nordeste e o Sudeste sofrem mais com a falta d’água. É um contrassenso”.

domingo, 25 de abril de 2010

Avisa que estão matando o mindu!



A crônica abaixo se refere à um igarapé (riacho) que passa de frente à minha casa, no bairro Aleixo, aqui em Manaus... Vale a pena ler, pois se trata de uma realidade aqui e em qualquer canto do nosso imenso Brasil.

José Ribamar Bessa Freire
25/04/2010 - Diário do Amazonas

Quinta feira, 22 de abril. Oito horas da manhã. Toca o telefone. Atendo. Ligação interurbana. É de Manaus. A voz de alguém que não conheço geme, angustiada, do outro lado da linha, pedindo socorro:

- Estou agorinha presenciando um assassinato daqui da janela da minha casa, no Parque Dez!! Eu, minha mulher e minha netinha!!!

Alarmado, aconselho que chamem a polícia. Justifico minha omissão:

- Moro no Rio de Janeiro. Não posso fazer nada.

- Pode sim! Pode escrever. Escreve. Avisa que estão matando o Mindu. Denuncia o crime. Dá o nome dos bandidos – segredou a voz, num cochicho, como se temesse ser ouvida.

Depois, continuou descrevendo, lance por lance, o que via através da janela indiscreta. Narrativa tensa, cheia de suspense, como num filme de Hitchcock. Transcrevo o que ouvi, na esperança de que os criminosos sejam identificados e punidos. Duvido, no entanto, que a violência contra desconhecidos, hoje tão banalizada no Brasil, possa comover alguém.

Afinal, quem é que está preocupado em saber se um tal de Mindu está morrendo num bairro de Manaus? Azar o dele! Se a vítima fosse uma celebridade, vivesse na Islândia, se chamasse Eyjafjallajoekull e cuspisse fogo, vapor e fumaça preta, zoneando assim o tráfego aéreo, o mundo inteiro se agitaria. Mas Mindu, o inofensivo? Quem é Mindu no jogo do bicho? Ninguém sabe.

Parque Zero

Ninguém, vírgula! Os manauaras sabem. Conhecemos o Mindu, o maior igarapé da área urbana de Manaus. Ele nasce numa floresta próximo ao Jardim Botânico Municipal e atravessa toda a zona leste da cidade, num trajeto de mais de 20 quilômetros, correndo por um leito pedregoso. Vai se juntando a outros igarapés até desaguar no Rio Negro. Durante décadas, abrigou muitas espécies diferentes de pássaros, insetos, mamíferos, répteis, tartarugas e plantas e deu água fresca aos abundantes buritizais que, em troca, lhe proporcionavam sombra.

Sombra e água fresca: o Mindu era isso. Era quase um paraíso. Em uma de suas margens, terminava a cidade, em outra começava a floresta. De um lado, o bicho urbanóide. De outro, o bicho do mato. Foi ali, naquela região de fronteira, que suas águas foram canalizadas, em 1938, para formar uma piscina natural. O balneário, onde aos domingos as famílias faziam piquenique, foi batizado como ‘Parque Dez de Novembro’.

Hoje, poucos sabem as razões do nome. Era uma homenagem à data do golpe. Um ano antes, 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas fechou o Congresso Nacional, suprimiu as liberdades democráticas, instaurou censura férrea e prendeu e torturou os opositores. Dessa forma, o interventor no Amazonas, Álvaro Maia, puxava o saco do criador do Estado Novo.

Durante algum tempo, o Parque Dez e a boate Acapulco foram os últimos bastiões urbanos. Dali, saía uma estradinha de terra, carroçável, conhecida como V-8 (atual Efigênio Sales), acompanhando o sentido do igarapé, ao longo do qual se situavam pequenas chácaras transformadas em balneários ou ‘banhos’, como a gente chamava. Havia, entre tantos outros, o ‘Pecos Bill’, o ‘Tucunaré’ e ‘As Pedreiras’, da dona Dirce Ramos, viúva rica, que a repassou aos padres redentoristas.

Suas águas, onde meu irmão de dois anos morreu afogado, eram límpidas, cristalinas e potáveis. Mas depois do golpe militar de 1964, a censura impediu criticas ao modelo econômico dominante, que se lixava para o meio ambiente. Foi quando a Companhia Habitacional do Amazonas (COHABAM) construiu com recursos federais o conjunto residencial Castelo Branco – nome dado em homenagem ao marechal ditador. Manaus tinha, então, uns 300 mil habitantes. Aí começou a lenta agonia do Mindu.

Se o Mindu falasse

De lá para cá, a cidade cresceu. A mata foi devastada. Dezenas de novos bairros surgiram sem uma política ambiental e de saneamento básico. As residências passaram a despejar seus dejetos no leito do igarapé, transformando-o num fétido esgoto a céu aberto. A feira do bairro Amazonino Mendes joga nele todo seu lixo. A criação, em 1992, do Parque Municipal do Mindu, como área de interesse ecológico, foi uma tentativa de preservar o último refúgio verde do bairro. Mas o Mindu, “um rio que passou em minha vida”, já estava ferido de morte.

Para tentar salvá-lo, o então prefeito de Manaus Serafim Correa (PSB) aprovou, em 2007, o Projeto de Revitalização do Mindu, com a criação de estações de tratamento de esgoto e de um corredor ecológico. O objetivo era, de um lado, evitar que as suas nascentes fossem ocupadas, e de outro, transformar em área de lazer o espaço do parque. Pouco antes de sair da Prefeitura, garantiu, em 2008, um contrato de 128 milhões de reais, para realizar a obra pelo PAC- Plano de Aceleração do Crescimento.

No entanto, o atual prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB - vixe, vixe!) engavetou o corredor ecológico e decidiu substituí-lo pela construção de uma pista às margens do Mindu, seguindo o exemplo da Marginal do Tietê, em São Paulo. O Ministério Público Federal entrou com ação na Justiça, tentando recuperar o projeto original e, com ele, uma sobrevida para o Mindu. Até hoje, ninguém sabe o destino dos recursos, porque “desde que assumiu, Amazonino não divulga os gastos da Prefeitura”.

De qualquer forma, o crime que o leitor viu, de sua janela, ao lado da esposa e da netinha, quando se celebrava o Dia Mundial da Terra, dá a dimensão de que a estupidez humana não tem limites. Ele viu tratores, caminhões e caçambas trafegando pelas ciclovias, pelos gramados e pelo calçadão, que agora servem de lixeira para entulhos das obras, com muita sujeira, lama, poeira e lixo. Parece uma praça de guerra. Tudo em nome da especulação imobiliária e do lucro rápido.

Com 66 anos, aposentado, a testemunha do crime não se conforma com a agressão ao Passeio do Mindu, onde podia andar e se divertir com a neta. Ele fotografou o processo criminoso: são mais de duzentas fotos nos últimos anos. O Mindu, hoje, como Itabira, é apenas um retrato na parede. Mas como dói! Nós e nossos filhos pagaremos caro por esse crime, se o poeta Thiago de Mello tiver razão, quando diz que não é só quem brinca com fogo que se queima. Quem polui a água, acaba se afogando no lodo, na cinza e na merda.

Mindu´u em língua guarani, significa mastigar, comer devagar, ruminar. O Mindu, em sua agonia, está ruminando. O quê? A reposta é dada pelo poema abaixo de Javier Heraud (1942-1963), o poeta-guerrilheiro peruano, que morreu aos vinte anos, baleado numa balsa no rio Madre de Dios, afluente do Beni, que deságua no nosso rio Madeira. Dois anos antes de morrer, aos 18 anos, publicou seu primeiro livro – El rio. Reproduzo aqui para os leitores um pequeno trecho do poema.

1
Yo soy un río,
voy bajando por
las piedras anchas,
voy bajando por
las rocas duras,
por el sendero
dibujado por el viento.
Hay arboles a mi
alrededor sombreados
por la lluvia.
Yo soy un río,
bajo cada vez más
furiosamente,
mas violentamente
bajo
cada vez que un
puente me refleja
en sus arcos.

2
Yo soy un río
un río
un río
cristalino en la
mañana.
A veces soy
tierno y bondadoso. Me
deslizo suavemente
por los valles fértiles,
doy de beber miles de veces
al ganado, a la gente dócil.
Los niños se me acercan de
día,
y de noche trémulos amantes
apoyan sus ojos en los míos,
y hunden sus brazos
en la oscura claridad
de mis aguas fantasmales.

3
Yo soy el río.
Pero a veces soy
bravo
y
fuerte,
pero a veces
no respeto ni la
vida ni la
muerte.
Bajo por las
atropelladas cascadas,
bajo con furia y con
rencor,
golpeo contra las
piedras mas y mas,
las hago una
a una pedazos
interminables.

4
Los animales
huyen,
huyen huyendo
cuando me desbordo
por los campos,
cuando siembro de
piedras pequeñas las
laderas,
cuando
inundo
las casas y los pastos
cuando
inundo
las puertas y sus
corazones,
los cuerpos y
sus
corazones.



Fonte: http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=858

sábado, 24 de abril de 2010

Perdeu playboy!


Caraaaca... acho que essa doeu ein! Isso tudo foi um quebra-pau na Câmara Municipal de Caxingó, norte do Piauí.

Mas o que mais me chamou atenção foi a sombra da cadeira, projetada na parede...

E o nobre vereador Renato V. Filho? Mais parece um daqueles atletas olímpicos do arremesso de peso...

Fonte: www.cabecadecuia.com.br

terça-feira, 20 de abril de 2010

Belo Monstro, não!


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quinta-feira, 15 de abril de 2010

LEILÃO E LICENÇA DE BELO MONTE SUSPENSOS PELA JUSTIÇA FEDERAL



Juiz federal de Altamira, do Estado do Pára, concordou com o MPF em uma das ações civis públicas que tratam das irregularidades no empreendimento

A Justiça Federal do Pará determinou a suspensão da licença prévia da hidrelétrica de Belo Monte e o cancelamento do leilão, marcado para a próxima terça (20/04). O juiz Antonio Carlos de Almeida Campelo concedeu medida liminar (urgente) por ver “perigo de dano irreparável”, com a iminência da licitação.

A decisão é fruto da apreciação de uma das duas ações civis públicas ajuizadas pelo Ministério Público Federal tratando das irregularidades do empreendimento. Trata, especificamente, da falta de regulamentação do artigo 176 da Constituição Federal, que exige edição de lei ordinária para o aproveitamento de potencial hidráulico em terras indígenas.

“Resta provado, de forma inequívoca, que o AHE Belo Monte explorará potencial de energia hidráulica em áreas ocupadas por indígenas que serão diretamente afetadas pela construção e desenvolvimento do projeto”, diz o juiz na decisão.

Além de suspender a licença prévia e cancelar o leilão, o juiz concordou com as outras medidas solicitadas pelo MPF: que o Ibama se abstenha de emitir nova licença, que a Aneel se abstenha de fazer novo edital e que sejam notificados o BNDES e as empresas Norberto Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Vale do Rio Doce, J Malucelli Seguradora, Fator Seguradora e a UBF Seguros.

A notificação, diz o juiz, é “para que tomem ciência de que, enquanto não for julgado o mérito da presente demanda, poderão responder por crime ambiental”. As empresas também ficam sujeitas à mesma multa arbitrada contra a Aneel e o Ibama em caso de descumprimento da decisão: R$ 1 milhão, a ser revertido para os povos indígenas afetados.

O MPF aguarda ainda julgamento de outro processo, também da semana passada, em que questiona irregularidades ambientais na licença concedida à Belo Monte.

Por NCPAM, em www.ncpam.com

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Coisa séria ein!


Essa foi enviada por meu grande amigo Bruno Bozzetti
Ele adora mamíferos, tanto que ficou penalizados com esses da foto...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Não, não é mentira...



Ooooopssssss!

Floriano não tem nenhum problema. Não tem esgoto a céu aberto, nem tão pouco buracos e lixo em suas ruas. Suas praças, ah... são lindas, cheia de verde e flores que atraem as mais belas aves da região. Nossos rios e riachos nunca foram agredidos, pois esgoto e lixo não se jogam neles, conservando e preservando toda sua fauna que é horrivel; suas matas? vixe, nem se fala... lá os bichos e plantas vivem em perfeita harmonia.

Em minha cidade as pessoas são muito felizes, pois lá existem muitas escolas de qualidade, com equipes altamente capacitadas para educar o filho florianense com ética e o respeito devido à tudo que lhe diz respeito; lá, as indústrias não agridem o ambiente e dão emprego e renda para diversos pais e mães de família, que têm a quantia certa de dinheiro no bolso e no banco (pra uma eventual necessidade). O comércio local? vai de vento em popa. É, as pessoas são felizes sim, pois elas se amam; amam também o lugar onde vivem, sem julgar as pessoas, pois levam em consideração a natureza humana de cada um.

Nossos políticos, (oooou, foi mal... é "representantes do povo") são honestos e revertem todo recurso na melhoria de qualidade de vida da população; nunca ouvimos falar de CPI's para investigar desvios de conduta (e de recursos) e todos os percalsos são resolvidos ali mesmo com toda flexibilidade inerente à um verdadeiro representante do povo...



O que seria de nós, pobres guerrilheiros, se não ouvesse um dia como hoje, o da mentira, para sonharmos e sermos felizes.

Viva a Utopia.