Tem
coisa melhor do que sentir
aquele
arrepio, daquele que te faz vivo?
Que
te faz sentir a alma
bem
no seio da tua veste fincada?
Tem
coisa melhor que ouvir
um
belo passarinho, que de tanto ouvir o rio
imita
o som das cachoeiras
que
deságuam dentro de nós?
O
arrepio faz da pele sua morada instantânea:
Faz
de cada pêlo uma lança que te aponta para a alma;
faz
do corpo uma estrada pra bem longe, bem lá no infinito,
para
muito além do percurso definido...
O
arrepio nos deixa tênue:
promove
o medo em sua mais fiel essência;
como
se estivéssemos nadando rio acima
tal qual um peixe e seu cardume...
O
medo nos faz vivo e por isso as aves voam.
Por
isso o peixe vive a lutar contra seu algoz pescador:
não
ha rede que o impeça de nadar contra o amor;
não
ha céu que nos limite de viver contra uma dor.
E
por falar em desafios, em viver contra o perigo,
mergulho
firme nesse mar de calafrios.
Sinto
arrepios a pensar em desatinos,
na
pele clara que ilumina meu céu de estio...
Não
corro contra o vento, nem vou contra a corrente
fugindo
do meu carrasco: ele é o meu amigo,
é
o meu ente mais querido, quem me faz arrepiar:
ele
é só a dor de dente, do nosso dia a clarear.