segunda-feira, 16 de abril de 2012

Aos pega-pinto do quintal



O pega-pinto me pegou de jeito
Parecia um daqueles tantos amores...
Agarrou-se em meus pêlos, faceiro
Caminha, viaja comigo até pelos ares.

Verde clorofila, semeia em minha terra fértil
Levada pelos pêlos – um cosmopolita nativo;
E pelas plumas, que pairam em alívio.
Contradiz o tempo, a ordem e até o que vivo.

Secam no quintal maternal sob as árvores
E esperam pacientemente, assim como eu...
Lutam, racham e sofrem como Orfeu,
Renascem feito fênix rasgando fogo pelo céu.

Vivo paciente, paciente internato.
Troco fichas, ordem, assim como as estações
e o pega-pinto: tenho tudo, por pouco tempo.
Tenho nada: nem mesmo meu coração.

domingo, 15 de abril de 2012

Aos quentes




Ah aquele tempo cálido...
Que falta me faz aquelas formas curvas!
Secadas, pelos mais predadores olhares;
Blindada, pelo seu contra-olhar ainda mais poderoso.

Não devia, mas ela me faz uma falta...
Seu olhar astuto, seu silvo meigo...
Seu sorriso frio, sua mente altiva.
Tua força bruta de fraqueza lapidada.

Controvérsia é seu sobrenome,
Soberana por natureza, amável, doce...
Tece entre os cabelos de índias, caboclas,
Tranças ávidas de desejo, de volúpia.

Seguia aflita por um bocado.
Por um daqueles desejos malfadados...
Se avexe não... Amanhã pode acontecer tudo.
Inclusive nada.