O pega-pinto me pegou de jeito
Parecia um daqueles tantos amores...
Agarrou-se em meus pêlos, faceiro
Caminha, viaja comigo até pelos ares.
Verde clorofila, semeia em minha terra fértil
Levada pelos pêlos – um cosmopolita nativo;
E pelas plumas, que pairam em alívio.
Contradiz o tempo, a ordem e até o que vivo.
Secam no quintal maternal sob as árvores
E esperam pacientemente, assim como eu...
Lutam, racham e sofrem como Orfeu,
Renascem feito fênix rasgando fogo pelo céu.
Vivo paciente, paciente internato.
Troco fichas, ordem, assim como as estações
e o pega-pinto: tenho tudo, por pouco tempo.
Tenho nada: nem mesmo meu coração.