A caixinha preta não toca. Ela tem um lindo violão no seu visor, como uma moldura de papel de parede, mas não toca. Ela tem também um banco branco de ferro e várias letrinhas flutuantes, juntamente com uma linda e verde samambaia. As cores são contrastantes e lindas, e enquanto ouço “Lucy in the Sky with diamonds” meus ouvido teimam em dizer que a caixinha não toca, nem tão pouco seu violão.
Enquanto isso, meu violão está deitado, confortavelmente. Ele sim toca; ele sim chora baixinho e expande minha mente para coisas impossíveis, para dimensões inimagináveis, muito além do horizonte.
Descobri a pouco que a tal caixinha não é somente preta: tons discretos em cinza além de pontos verdes e vermelhos também podem ser notados. No entanto, olho de relance para o ar e sinto um aroma agridoce pairando sobre a ponte. Tento descobrir se meus pensamentos podem ser verdade ou se mais uma vez serei enganado pela tentação do querer ser poder.
Enquanto isso ela insiste em não tocar. E o meu violão, bem baixinho. Só ele sabe o que meus dedos intrépidos sentem ao tocá-lo delicada e deliciosamente. O tempo passa e cada nota, acorde e minuto, juntos, é uma eternidade transgressora. Cada minuto soa como as vinte e quatro horas por dia mais mal vividas de toda a minha curta vida.
O meu mundo é um universo. Gira, brilha, pula e se movimenta em constante desequilíbrio. O meu mundo é o caos, dinâmico e avesso a qualquer monotonia. Ele quer ver o cosmo reagir às intempéries monótonas dessa juventude transgredida e fechada dentro de si; dessa juventude senil de pessoas que nunca ousam querer ser melhores consigo mesmas. Que não ousam amar de verdade.
Enquanto isso, a caixinha preta não toca. E o meu violão, gentilmente chora. Bem baixinho... Because?
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