Hoje eu me senti um bandido. Sim, um criminoso comum daqueles que todos os dias passam na TV exibindo sua fuça e desafiando a sociedade com os mais diversos crimes que sempre ocorrem em nosso país.
Ta certo que o sistema de transporte urbano tem lá suas limitações em todo o Brasil, não somente aqui em Manaus, mas o que acontece aqui deixa muita gente de cabelo em pé, abismado com tanta ignorância e desrespeito aos usuários. Não, não estou falando de ficarmos com a mochila fora do ônibus quando ele já se encontra em movimento e com a porta fechada. Nem tão pouco do preço abusivo praticado por aqui. Estou falando de roubo.
Roubo sim, pois tirar um direito garantido pela constituição sem o mínimo pudor é sim uma espécie de roubo. Tiraram-me o direito de ir e vir, inerente a todo cidadão, pois além de ter que ficar enjaulado para evitar assaltos a mão armada que se tornaram constantes, se eu quiser sair tenho que pagar passagem integral mesmo tendo o direito de pagar meia.
O que faz uma pessoa (cidadão) ser reconhecido como tal? Como alguém consegue provar que ele é ele mesmo? Juro que sempre pensei (e acreditei) que com uma simples carteira de identidade (RG, CNH e afins) pudéssemos resolver o problema, mas não, fui pego de surpresa pelo não óbvio.
Depois de tanta burocracia para ter direito a uma bendita carteira estudantil que me garantiria meia passagem no transporte público (melhor dizendo, caótico) eu simplesmente nunca consegui provar que eu sou eu mesmo, como naquelas velhas e antiquadas histórias, que alguém vai preso por não conseguir provar inocência. O fato é que ao tentar recarregar os créditos da carteira a atendente me pediu uma identidade, e por um sobrenome a mais da minha mãe, a mesma se recusou a efetuar a transação.
Será que minha CNH não tem o poder de provar que eu sou eu? Perguntei-me ao receber a informação que não poderia pôr os créditos e assim usufruir o direito que me cabe: o de ir e vir. Sabe me senti um verdadeiro bandido!
Outro fato é que por traz disso tudo tem o dedo dos empresários. A desculpa é a de que tal sistema evita corrupção no sistema, pois muitas pessoas se utilizavam de carteiras de outros para circular nos ônibus, mas, no entanto eu indago: o sistema garante que todas as pessoas possam usufruir seu direito, levando em consideração a diversidade das pessoas? Creio que não, pois sempre vou ter que andar com uma identidade que possui o nome de solteiro de minha mãe, não a que me convém. Os empresários é que estão mais que satisfeitos com essa “ajudinha” do governo, pois forçam cidadãos a pagar dobrado pelo seu direito. Isso não é corrupção? Não, é mais que isso, é roubo.
Sou um cidadão, “cowboy” fora da lei. Eu não vou ser besta pra tirar onda de herói, estou me vacinando e me corrompendo a cada dia. Por isso, “ô ô seu moço do disco voador, me leve com você aonde você for [...] enquanto eu sei que tem tanta estrela por ai”.
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